quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

A Bela e a Fera

Há muito tempo Bela havia se cansado do seu pequeno vilarejo, trancada dentro da biblioteca municipal onde todos os livros já haviam sido lidos. Trancada dentro do seu mundo fantasioso onde nada mudava. Nem se quer o clima de outono que havia chego à cidade há mais de 10 anos.

Talvez Bela estivesse procurando em seus livros uma forma de fugir da realidade das pessoas que a cercavam. Foi por isso que ela entrou no castelo e salvou seu pai. Uma forma egoísta de se tornar heroína e, ao mesmo tempo, fugir da realidade que a assombrara. Melhor prisioneira de uma Fera do que prisioneira de uma vida cheia de mesmice.

Bela se sentia grande demais dentro daquele vilarejo, com sonhos demais, desejos demais, palavras demais. Era algo novo que ela precisava. A paixão desenvolvida por uma criatura capaz de causar pânico a qualquer outra pessoa foi uma consequência. Uma consequência fruto da sua vontade de fugir – quem sabe dela mesma.

Bela, enfim, conseguiu transformar sua vida em um livro. Um livro onde fantasia uniu-se com amor. A história de um amor quase impossível, assim como o de Romeu e Julieta, livro que ela já havia lido mais de 3 vezes na sua antiga e pequena biblioteca, localizada no seu antigo, pequenino e limitado vilarejo.

Mas, ao protagonizar seu próprio livro, Bela descobriu algo que jamais contaria para outra pessoa: a maior parte das histórias de amor começa em um ato egoísta.