domingo, 23 de dezembro de 2012

Carta ao Papai (Não Noel)


"Querido pai,

Te escrevo esta carta - mesmo sabendo da tua morte prematura - para aliviar a saudade. Escrevo tentando buscar um conforto, uma solução para a culpa que está corroendo meu coração. Escrevo para amenizar o mal, como de costume.

Onde você está agora? E é legal? Espero que sim, por aqui as coisas vão bem. Não pude te dizer como estava a minha vida, meus amores, minhas conquistas. Mas agora tu sabe. Eu espero que saiba.

Espero que a dor tenha sumido assim que tu fechou os olhos pela última vez. Espero que tu tenha me ouvido quando estavas na cama do hospital, ou pelo menos tenha sentido eu apertar tua mão. Espero que tu saiba que eu jamais te abandonei.

Eu perdoo todos seus erros, suas falhas e suas fraquezas, mas o senhor tem que prometer que perdoa minha mágoa e as poucas vezes que fui te visitar. Como troca do perdão, o senhor tem que me prometer - aí mesmo de onde estás - que entende meus motivos, meus machucados, as malditas feridas de um ser humano cheio de falhas, como eu.

Me desculpa não ter conseguido falar nada no seu velório, desculpa ter apenas chorado...É que algo me dizia que tu iria levantar, apertar minha mão e dizer: "Viu, eu deixei o bigode crescer". Mas tu não levantou, e eu vi fecharem o caixão.

Mas não é que tu estavas mesmo deixando o bigode crescer?!

Eu estou seguindo em frente, pai. Papai. Paizinho. Paizão. Mas, por favor, jamais saia do meu lado. Essa vida é complicada demais, é bom saber que agora eu tenho um anjo particular.

Não esqueça, mesmo aí onde tu estás, que eu te amo. E, ei...Eu sempre terei orgulho do homem que tu era, que tu foi, que tu tentou ser até o final.

Quando tu caiu e foi questionado para onde estava fugindo, você disse "Eu vou pra casa". Eu espero que agora o senhor esteja em casa. A casa do meu coração.

Agora deixo-te ir em meio ao choro. E vá com Deus. Mas, antes: eu amo você."

domingo, 4 de novembro de 2012

O som do vento passando no meio das árvores e o frio nada típico de uma noite de verão me fizeram temer as bruscas mudanças da vida. Creio eu que jamais fui acostumada a mudar de formas tão radicais. Eis aqui uma verdade: o novo me assusta.

Nos tão falados "dias de hoje" que me encontro, conhecer novas pessoas é – com o perdão da estúpida palavra – absurdamente horroroso. Talvez tenha vivido tanto tempo no vazio de pessoas sem sentimento algum, que o pavor, o medo e o receio se tornaram companheiros fiéis toda vez que aperto a mão de um novo conhecido. Futuro amigo? É. Talvez.

Um pequeno parêntese: eu devo ser um tanto quanto neurótica.

Com o perdão do excesso de balbucia, devo estar apenas desabafando. Desabafando a saudade que sinto de amigos que prometeram estar sempre por perto, desabafando a saudade que sinto de quando descobrir um novo amigo era fácil, puro. Um pirulito, um lanche dividido e já podíamos dividir a mesma gangorra no parquinho da cidade. Desabafando a ausência de dizer "tenho um milhão de amigos" quando, na verdade, me sinto só.

- Não diga nunca mais que está sozinha, não enquanto eu estiver aqui. – Disse ele, colocando a mão direita em um lugar que provavelmente era meu coração.


Foi então que sorri. Foi então que este texto ficou pela metade e lembrei-me do quão bom é terminar no meio de um romance, um texto de amor – mesmo que por entrelinhas.
Ah, coração...Como é bom uma dose de amor correspondido no fim de um texto.



Um PS final: nós jamais ficamos sozinhos quando entregamos o coração para alguém.

domingo, 14 de outubro de 2012

Amanhecer Cinza

Descrever pessoas, paisagens. Descrever momentos, sentimentos, horas e sonhos. Descrever fisicamente, internamente. Descrever algo indescritível: um amanhecer.

Saber que um dia acabou de morrer, e outro está em seu lugar. Olhar pela janela e ver algo tão esplendoroso que, ao mesmo tempo, se torna vazio e sem porquê.

Acreditar que há vida após aquela mistura de luzes. Azuis, amarelas, rosas. Acreditar que sonhos podem se tornar realidade só em olhar pra um espetáculo que a natureza nos proporciona. Acreditar em si, nas pessoas. No nós.

Sonhar. Olhar para o amanhecer e imaginar que - neste dia que está à caminho, por passos calmos - todos os seus sonhos se realizarão. Sonhos, desejos, manias. Tudo, tudo acontecendo à passos leves, à passos calmos.

Pensar, refletir, voltar aos sonhos infantis. Ser criança, sorrir por ter ficado a noite inteira em claro, mesmo que tenha sido aos prantos - é, meu caro, ser adulto dói -, só pelo fato de estar cara-a-cara com algo tão magnífico.

Ninguém liga para isso. Eu não ligo. E, como podemos ver um amanhecer bonito como em desenhos? Afinal, tudo que se vê agora é o cinza das fumaças de fábricas, o cinza dos rostos das pessoas rotineiras na rua, o cinza de sonhos deixados pra trás, o cinza do arrependimento. O cinza que a vida se tornou. E só.



E só?

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Eu Estarei Te Observando

O relógio passara de 23h00min quando vi você cruzar a curva e, se não fosse ironia de minha parte e eu não fosse péssima motorista, poderia sugerir que acompanhei a mudança de marcha até que você estivesse estacionado próximo ao ponto em que lhe esperara.

Não vi você sair do carro e, mesmo com as pernas trêmulas, cambaleei até que estivesse sentada no banco do carona do seu carro azul – e a bagunça dele permaneceu como eu deixara da última vez.

Nenhuma palavra dita, nenhuma troca de olhares. Eu podia sentir – e provavelmente você ouviu – meu queixo tremer e uma cascata de palavras prontas para serem ditas. Era a hora? Não.

- Então, estou aqui. O que você queria falar?

Senti o rancor na sua voz e aquilo quebrou até mesmo minha tremedeira. Uma briga estava por vir. Tentativas frustradas de te dizer tudo que guardei durante alguns meses. Fim do bate boca.

As horas passaram e nem percebi que já estávamos na sala. Você encolhido num canto do sofá e eu tentando reunir forças pra te dizer...

- Deita aqui perto. Eu te faço cafuné. – Não acredito que consegui dizer, confesso. Mas disse.

Seus cabelos ainda eram macios e fáceis de entrelaçarem-se. Estava tudo como eu havia visto da primeira vez. Você ainda tinha o mesmo sorriso de menino e naquele momento me perguntei como tive que sofrer de saudades para perceber que eu estava apaixonada. Que sempre estive. Que sempre foi você. Apenas você.

De repente sua boca estava tão próxima da minha que senti meus olhos fecharem, meu coração acelerar e minha mão descer, como numa linda valsa, até a sua nuca. Você me beijou. O mesmo beijo doce, o mesmo beijo verdadeiro e o mesmo beijo apaixonado que senti da primeira vez.

Minha vontade foi de gritar aos quatro cantos deste mundo o quanto você era divino, feito nos céus, o quanto tempo esperei o quanto meu coração urrava de alegria. E, como em sintonia, se os rádios do mundo todo estivessem ligados, Every Breath You Take tocaria.

A valsa dos apaixonados. Ali começava – novamente – a história de amor mais linda vivida por seres humanos. A nossa história de amor. O final feliz? Ah, bem...O final feliz é que não há nenhum final.

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

Feliz Dia dos Pais

Olá, Senhor Roberto

Então, como estamos? Resolveu cortar o bigode grisalho? Parou de comer tanta porcaria e está fazendo o teste da insulina com frequência? E as novelas, hein? Nenhuma se compara à Alma Gêmea, eu sei... Mas a companhia que a fazia especial, não é, papai?

Estou sendo tão julgada. Eu estou com medo. Descobri que preciso escolher um rumo da minha vida para sempre, mas eu estou perdida. O que eu faço, pai? Por que você não está aqui? Eu quero correr pro seu colo. Eu quero voltar no tempo, eu quero nossas brigas pelo controle remoto, eu quero ganhar as Barbies, eu quero o meu pai.

Por que as pessoas são assim, pai? Por que tanto julgamento? Por que é tão difícil até mesmo para eu entender o porquê de me afastar de ti a todo instante? Ah, pai... Como me faz triste saber que você está tão perto e a distância é de quilômetros inacabáveis. A distância é de dor inacabável.
Enfim, acho que o drama eu puxei de você, não é? E o nariz também.

Espero que você esteja bem. Se é que você está em algum lugar.
Que essas palavras levem pra ti o amor que eu tanto senti. Eu continuo com as faces rosadas... E continuo te amando.

Prezado Passado,

Hoje vejo quanto tempo perdemos um com o outro. Que estranho, não é? Precisei tirar férias de você, dos outros, de mim mesma, para descobrir que nós dois não poderíamos ser felizes juntos. Jamais. Que loucura, não é, meu querido?

Espero que você esteja bem, que – finalmente – tenha encontrado seu lugar nesse mundo. Deve ser difícil aceitar que eu não correrei mais atrás, que eu não viverei em sua função. Espero que você consiga sobreviver sabendo que já não existo mais em sua insignificante vida. Ou não existo para nós.

Conheci um amigo seu de longa data: o Senhor Tempo. Ele me deu a mão e me mostrou outras pessoas. Outras metas. Outras coisas. Descobri que ele é uma ótima companhia, Passado. O Senhor Tempo veio tomando conta de mim durante estes meses, até que o sobrecarreguei com meus problemas.

Agora ele foi embora. Partiu, disse que precisava resolver outros mil problemas de outras mil pessoas. Estou sem você e sem ele. Se estou sozinha? Não, Passado, nunca mais ficarei sozinha. Reencontrei um velho amigo, estamos juntos e ele jurou que será eterno. Você o deve conhecer também...Seu nome é Amor-Próprio.

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Meu xodó

Era estupidamente terrível ver aquela garota jogada ao chão. Era desnorteante ver seus olhos cansados de tantas lágrimas, mas era ainda mais assustador ver como aquela garota gritava por meu nome, como se apenas eu a pudesse ajudar.

Eu tentei de todas formas compatíveis com minha função ignorá-la. Como era possível uma garota tão linda quanto aquela chorar e implorar por minha presença? Eu não era nada, ela iria conseguir se reerguer e ter um destino melhor. Por que, então, ela não enxergava isto?

A garota continuava lá jogada ao chão, soluçando e buscando um pouco de ar para seus pulmões já fracos, cansados de tantos suspiros. A garota continuava lá com sua maquiagem borrada sem nem se quer fazer esforço para buscar uma nova solução. Ela repetia para si mesma: "eu já tentei, juro que tentei...Venha me buscar".

Às vezes não gosto do papel que tenho de exercer, são em horas assim que penso porque tive de ser eu a fazer algo com essa garota. Eu não queria! Por que ela havia de querer? Não era a hora de eu ir até ela e buscá-la, e trazê-la para perto de mim, não era. Por que ela tinha de querer apressar as coisas?

Fingir que ela não me chamava já era em vão, seus gritos ecoavam por meus ouvidos e era quase impossível fazer outra coisa a não ser prestar atenção nela. Tive de fazer o que ela me pedira, me implorara, me suplicara. Tive de ir até ela e estender minha gélida mão mesmo contra minha vontade.

- Pronto, minha querida, estou aqui. Desculpe minha demora, podemos ir agora? Prazer, meu nome é Morte.

Felicidade Mortal

Ela caminhava pela rua, era tarde para uma menina sozinha andar por aqueles lugares. Fazia frio e seus braços não estavam cobertos, garoava e por cima de sua cabeça, ao invés do guarda-chuva, havia a imensidão do céu sem estrelas.

Apesar do cenário ser triste, apesar da escuridão ser mais propicia quando precisamos chorar, a garota sorria. Não se sabe ao certo porque, mas ela sorria. Um sorriso breve, mas um sorriso.

A garota não fazia ideia de onde estava, nem se quer para onde ia. Mas ela ia. Ela ia atrás de qualquer motivo para ser feliz, ela precisava de um motivo para ser feliz. Precisava?

Felicidade não se prende a algo, abstrata do jeito que é ela é mais parecida com o vento - nada de ver, escapa entre os dedos e o único jeito de suprir ao menos um pouco é abrir a boca e inspirar tudo que puder. Nada de expirar, deixe os pulmões incharem com tanta felicidade que você poderá sucumbir por não estar acostumado a lidar com tanta alegria. Sucumbirá feliz, mas sucumbirá. Ação e reação, já ouviu falar?

A garota já ouvira e, pensando nisto, levantou o rosto ao céu, abriu seus lábios e deixou que cada pingo da garoa entrasse dentro de si para ela, quem sabe enfim, sucumbir de felicidade.

terça-feira, 15 de maio de 2012

O Final Feliz dos Loucos

Você faz melodias com quatro cordas e eu poderia ouvi-lo tocar durantes horas sem se quer parar para respirar. Você compõe e eu aqui, tentando escrever. E eu aqui, procurando uma maneira de te agradecer.

Você apareceu e reapareceu e trouxe consigo uma felicidade que eu pensei ter sido esquecida, não ser mais digna de mim. Você reapareceu mesmo sem eu merecer. Você reapareceu sem orgulho, egoísmo...Sem nada que não fosse você. E como isso é bom!

Você me faz sorrir, e eu já te fiz chorar. Você diz coisas que jamais pensei em ouvir, e eu não consigo fazer nada além de escutar. Você me coloca nos braços e meu mundo gira... Como eu pude esquecer-me de quão boa essa sensação pode ser?

A história da Princesa e do Plebeu invertida...Você não é nada menos que isso: um príncipe. E eu não tenho nada para lhe dizer além de uma única frase: faça-me tua princesa e o final feliz a gente inventa.

sexta-feira, 13 de abril de 2012

Ponto Final

Pontos finais…Como é complicado usá-los depois que descobrimos as reticências. Como é mais simples desejarmos que o fim jamais chegue, que o tempo jamais passe, que a vida nunca mude. Como é cômodo usar vírgulas, exclamações e até mesmo interrogações. Que complicado encarar a verdade do “ponto final”.

Difícil mesmo é descobrir que acabou. É ter certeza que acabou. É quando a ficha cai, é quando algo nos dá total certeza: é hora de colocarmos um ponto final.

Relações, amizades, infância. Que amargo o gosto da saudade! Gosto da saudade suja, do sentimento que não deveria estar por ali, impregnado no cheiro da sua roupa, no toque do teu corpo, nos pensamentos íntimos. A saudade suja que nos consome. Atormenta-nos. Nos mata... Todos os dias.

Que bom seria se descobríssemos a cura para pôr fim nessa saudade. Que maravilhoso seria se alguém, em alguma parte do mundo, descobrisse um jeito mais fácil de encerrar ciclos.
Um jeito mais fácil de acabar. Este é o meu ponto final.

domingo, 25 de março de 2012

Tiro-te novamente dos meus pensamentos. Pinto-te na vida real. Faço com que tu sejas verdadeiro, feito de carne, osso e de sentimentos. Tantos sentimentos que há para você neste coração já bastante surrado pela vida.

Mimo-te em sonhos e mostro-te o que de mais lindo a vida tem a oferecer. Faço-te sorrir e escuto seu “eu te amo” cheio de mentiras. Sorrio. Eu amo uma mentira.

Percebo-te indo embora aos poucos. Percebo-te sumir de uma vez até dos meus mais doces sonhos.

- Para onde vai? – Tento gritar com a voz fraca. – Não me deixe, o que está fazendo? Para onde está indo?

Já era tarde. Fim. O ciclo começara novamente. Logo você volta, trazendo em sua bagagem lembranças quase esquecidas. Logo você volta, atormentando e alegrando aquela vida que, um dia, foi tão sua.

domingo, 18 de março de 2012

Adeus, Passado

As mangas compridas davam a entender que o inverno havia chego novamente. Era o ciclo das estações, a hora que ela mais gostava desde criança: doar o que não usaria na estação seguinte, hora de guardar o que ainda usaria. Porém, o que ela mais gostava era a parte de doar. Jogar fora e, assim, era para o lixo que aquele sentimento iria.

Hora de desocupar gavetas, armários e o coração já bastante machucado. Estava na hora de permitir que pessoas de verdade entrassem em sua vida. E era o que ela faria.

Pegou a caixa com suas roupas e chinelos velhos e foi para a rua. Olhou para os dois lados, nenhum carro passou. Olhou para o céu, nenhuma gota de chuva caíra, mas o sol não doía os olhos. Tudo colaborava, era a hora do adeus.

Suspirou. Uma, duas... Três vezes.

Jogou com toda força que seus pequenos braços tinham. Havia mais do que roupas naquela caixa pesada...Haviam sentimentos mortos pelo tempo, a força era necessária.

- Adeus – disse, dando às costas para seu passado.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Ela caminhava pela rua, era tarde para uma menina sozinha andar por aqueles lugares. Fazia frio e seus braços não estavam cobertos, garoava e por cima de sua cabeça, ao invés do guarda-chuva, havia a imensidão do céu sem estrelas.

Apesar do cenário ser triste, apesar da escuridão ser mais propicia quando precisamos chorar, a garota sorria. Não se sabe ao certo porque, mas ela sorria. Um sorriso breve, mas um sorriso.

A garota não fazia ideia de onde estava, nem se quer para onde ia. Mas ela ia. Ela ia atrás de qualquer motivo para ser feliz, ela precisava de um motivo para ser feliz. Precisava?

Felicidade não se prende a algo, abstrata do jeito que é ela é mais parecida com o vento - nada de ver, escapa entre os dedos e o único jeito de suprir ao menos um pouco é abrir a boca e inspirar tudo que puder. Nada de expirar, deixe os pulmões incharem com tanta felicidade que você poderá sucumbir por não estar acostumado a lidar com tanta alegria. Sucumbirá feliz, mas sucumbirá. Ação e reação, já ouviu falar?

A garota já ouvira e, pensando nisto, levantou o rosto ao céu, abriu seus lábios e deixou que cada pingo da garoa entrasse dentro de si para ela, quem sabe enfim, sucumbir de felicidade. (

quinta-feira, 1 de março de 2012

Nossas escolhas podem nos trair. Aquilo que é certo para mim, pode não ser para você. Poder de escolha, já ouviu falar? E sobre sociedade livre? Filosofia não é em vão.

Escolha um bom emprego e pode acabar tornando-se um escravo. Escolha uma faculdade de bom nome e pode acabar desistindo. Escolha o homem dos seus sonhos e, num piscar de olhos, ele pode tornar-se o pior pesadelo.

Arrisque-se no imprevisível. Faça o que te dá vontade, porém não a hora que a tiver. Pense. Repense. Trepense, mas permita-se extrapolar de vez em quando. Permita o impulso algumas vezes. Permita-se “quebrar a cara” na escolha errada. Permita-se ser feliz.

Escolha. Escolha por você, para você. Não se importe com os outros, eles nunca correrão atrás da felicidade por você. Ame-se. Cuide-se. E lembre-se: uma escolha muda todo um futuro.
Num dia desses em que nada coopera pra dar certo, decidi ocupar a cabeça com uma folha em branco e um lápis de ponta gasta. Estava na hora de escrever. Escrever porque a dor era imensa, escrever para aliviar ou, única e exclusivamente, escrever porque deu saudade. Saudade do quê? De viver.

Num dia desses em que nada sai da rotina, a única saudade aceitável é a de viver. Nada de sentir saudade de alguns lugares, de pessoas e nada de sentir vontade de voltar no tempo. Simplesmente permita-se sentir saudade de viver.

Do riso. Do choro. Do abraço. Do beijo. Saudade do que é de verdade, de quando viver era verdade. Permita-se sentir saudade sem vontade de voltar atrás, permita-se apenas aquele sentimento de que valeu a pena e durou o tempo necessário para tornar-se inesquecível.

Porque saudade nada mais é do que isso: a certeza que algo se tornou inesquecível em alguma parte perdida de um passado e um viver inacabado.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Queria que fosse diferente. Queria que você mandasse uma mensagem para mim no meio da madrugada dizendo “preciso ver você o mais depressa possível” e então, quando nossos olhos se encontrassem, você me abraçasse apertado e fizesse meu mundo girar devagar. Ou simplesmente dissesse que me ama. Ou simplesmente sussurrasse que sentirá minha falta. Ou simplesmente me deixasse admirá-lo em silêncio.

Meu Eu meio Teu

Já existiu um “eu” completamente inseguro. Já existiu um “eu” meio apaixonado. Já existiu um “eu” extremamente impulsivo. Já existiu um “eu” da cabeça aos pés sentimento. Mas, jamais, existiu um “eu” tão seguro e indeciso ao mesmo tempo. Jamais existiu um “eu” com tanta vontade de querer ser feliz, de precisar de doses e mais doses de felicidade e, ao mesmo tempo, tão indeciso quando perguntado “você realmente vai ir embora?”. Agora é isto que restou. Todos os “eu” aniquilados até então, sem nenhum tipo de rumo a ser seguido, muito menos se este rumo for o do seu coração. Agora o que sobrou foi este “eu” meio quebrado, meio machucado, meio perturbado. Agora o que sobrou foi este “eu” indo para ares novos, em busca de algo para suprir o que antes era um “eu” meio teu.

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Cicatriz?

Uma vez me falaram sobre o tempo e a capacidade que ele tem de fechar até mesmo as mais eternas feridas. E eu acreditei. Acreditei e sorri por pensar que um dia toda dor acabaria, mas eu havia me esquecido das cicatrizes. Essas não se vão, essas ficam.

Ficam e não são tampadas com band-aid, a dor não passa se você passar remédio. Ela fica ali, parada, quieta, para que quando você simplesmente a olhar lembre-se de tudo que já deveria ter esquecido. E o tempo? Bom, ele não pode fazer nada por você.

E agora o frio na barriga, as pernas bambas, a vontade de correr pra um único par de braços ainda existe...Menor do que poderia ser há um tempo, mas existe. Existe e te atormenta. Existe porque ainda existe o amor.

E o amor? Ah, esse o tempo não pode te fazer esquecer...

domingo, 29 de janeiro de 2012

O coração machucado e o lápis no olho. Hoje era dia de esquecer. Esquecer o que te faz mal, esquecer quem mentiu e não chegou a te enxergar de verdade, esquecer das mágoas, esquecer-se do caminho de casa. Hoje era dia de se permitir.

Hoje era dia de sorrir – ou ao menos tentar. Dia de apenas se divertir, dançar até o primeiro raio de sol resolver aparecer. Dia de sentir dor, mas não no coração.

Não estava nos meus planos um elogio ao meu sorriso, tampouco meus olhos. No fim da noite não iria me despedir com um abraço apertado. Mas aconteceu.

Aconteceu e não há motivos para reclamar. Aconteceu para que, enfim, pudesse descobrir que quase nada na vida vem quando gostaríamos, mas sim quando precisamos. Quando nos esquecemos de procurar. Vem quando deve vir. E veio lindo.

terça-feira, 24 de janeiro de 2012

Eu sou o NADA

Eu gostaria de ter sobre o que escrever, de ter sobre quem escrever. Gostaria de lhes contar algo sobre minha vida, sobre até este dia que estou passando, mas estou seca. Seca de sentimentos, seca de palavras, seca da dor, seca do amor. Minha alma se tornou um vácuo, um poço fundo e escuro. Sinto começar este texto com palavras tão duras, mas isto é o poder que elas possuem.

Palavras, usadas corretamente, podem ser uma arma. Um objeto pontiagudo capaz de perfurar o mais profundo silêncio. Palavras na boca de pessoas erradas machucam, ferem, fazem sangrar. O dom da palavra deveria ter sido dado à quem realmente sabe usar, e eu estaria fora desta lista. O máximo que faço é descrever sentimentos balbuciados. Esqueçam isso.

Voltando ao meu vácuo...Foi depois da noite de ontem que ele apareceu. Digamos que ele sempre esteve aqui, o único porém é o fato dele ter sido submerso por vários sentimentos - oras de amor, oras de dor. Está certo que pessoa nenhuma tem o direito de tirar, de uma vez só, todos sentimentos da outra. Mas fizeram isso comigo. Não importa. Não. Importa.

Bom, um dia foi o suficiente para eu me acostumar com o poço que se abriu dentro de mim. Posso dizer que ele é até conveniente. Tendo ele não preciso sofrer por amor, morrer de dor, chorar por fins não felizes. Eu só sou o nada. É, assim que me sinto. Um corpo, orgãos e nada. Os desenhos de coração não fazem mais sentido agora que sei que, na verdade, sua forma é a mesma de minha mão direita fechada.

Não fiquem com pena de mim, meus caros. Não me rotulem de louca. Se eu pudesse sentir algo diria estar feliz. Finalmente, depois de anos, senti toda aquela dor insuportável ir embora. Se me restasse algum pingo de sentimento, podem ter certeza, eu diria para este vácuo: Obrigada, muito obrigada! Mas agora, ao dizer isto, sai sem sentimentos, sem emoção. Mesmo assim, obrigada por ter arrancado toda está agunia, vácuo. E, ah...Por favor, não me deixe mais.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

É engraçado ver o sorriso torto se formando no canto dos lábios dos que antes choravam. É engraçado ver a gargalhada ecoando pelo vazio que antes habitava os soluços. É engraçado ver o que era cinza se transformando em tons singelos de rosa.

É gratificante saber que toda dor hoje valeu a pena. É gratificante o ver seguindo em frente. É gratificante ver aquele por quem fui completamente apaixonada sendo feliz, “tocando” a própria vida sem ajuda de ninguém.

Siga em frente, pequeno. Continue do jeito que está. Se der saudade, olhe para trás. Se der vontade, corra até mim. Você sabe, pequeno, que estes braços sempre irão lhe acolher. Sou sua desde o primeiro olhar.

segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Fim

Por trás deste sorriso forjado existe uma onda de lágrimas malucas e prontas para serem jorradas. Por trás deste texto mal elaborado, mal escrito e mal desenhado existem entrelinhas que negritam e gritam num couro "saudade, SAUDADE, s-a-u-d-a-d-e".

O que fazer para que uma mania, um dom, um refúgio, uma paixão não morra no esquecimento? Sobre o que escrever?

Tempo, pai, cartas, infância, amor, uma dose à mais de tempo...Nada mais soa tão bonito, verdadeiro ou espontâneo.

Quem sabe sobre um adeus?

Isto! É exatamente este o fim do meu texto: o dia em que eu desisti de escrever.

Fecho - então e definitivamente - o caderno preto de capa dura e escondo-o debaixo de uma pilha de roupas esquecida. Ninguém jamais saberá o que nele havia escrito.