terça-feira, 17 de maio de 2011

Não era amor. Era desejo recíproco, era paixão, era fogo, era novo. Não era amor, não tinha juras, tampouco ligações no dia seguinte. Não era amor, não havia palavras, apenas sussurros ao pé do ouvido. Não era amor, não tinha compromisso, cobrança, apenas um lençol bagunçado. Não era amor, não para ele. Não para ela.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Apenas vivendo

Não estava atrás de nada, nem ninguém. Já havia desistido, deixado para trás tantos sonhos, tantas pessoas. Não estava atrás de futuro, de sucesso, de amor. Só estava...Vivendo.

Todos os dias tão iguais, mesmos lugares, mesma rotina, mesmas pessoas, até mesmo as mesmas músicas, e você cruzou. Passou por mim tão rápido em um desses dias que me fez tropeçar.

"- Ué, este rosto eu nunca havia visto." Dentre tantas outras situações que me imaginei, este pensamento foi o que se destacou. Nunca havia me cruzado o dia, realmente.

Mas você passou tão depressa, como se algo de muito importante lhe aguardasse. Talvez a dona do seu coração, talvez seu emprego, talvez o sinal de seu colégio, ou talvez você estivesse como eu - apenas vivendo - que nem sequer me notou, nem sequer notou o carro que estava vindo em sua direção.

- Cuidado! - Gritei antes que você colocasse o maldito pé na rua e parasse até de viver. Ali você me notou, ah, se notou.

- Obrigado, muito obrigado. Gostaria de tomar um café? Prazer, meu nome é Acaso.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Você vai voltar?

Você se foi, nem se quer se despediu. Tentou, eu sei. Não deixei. Meus olhos estavam sendo tampados pela tristeza, não quis acreditar. Como você pôde partir? Eu era sua menina, toda sua. Porque me deixou aqui sozinha? Me ajude a levantar, por favor! É difícil sozinha.

Você vai voltar? Não disse isso quando partiu, pensei que tivesse sido momentâneo. Pensei que em breve você estaria nos meus braços, que eu estaria em seus braços, aqueles que eu costumava chamar de meu ninho. Ora, eu era sua menina, não era? Você me protegia, por que me deixou?

Me ajude a levantar, por favor! Está difícil, eu não consigo. Ora, raios, eu era forte. Sei que era. Eu sou forte, mas estou escondida, desprotegida, indefesa. Não me pergunte porque, apenas estou. Isto é saudade, sei bem. Mas você não vê, por que não vê? Não quer ver?

Por enquanto é saudade, essa maldita saudade que me cega os olhos, que me paraliza as pernas, que faz sangrar meu coração. Por enquanto é saudade, essa saudade doída, cheia de lembranças, cheia de carinhos. Essa saudade que é tua, toda tua. Minha, toda minha. Essa saudade de tudo que um dia foi só nosso.

Ando meio

Ando meio doente. Não sinto fome, não tenho controle sobre as lágrimas, meu coração dói demais. Ando meio doente. Não consigo dormir, não consigo sorrir, mal tenho forças para fingir.

Ando meio cabisbaixo. Jogado aos cantos, esperando por alguém. Ando meio cabisbaixo, esperando o final em que tudo fica bem.

Confesso, já não tenho esperanças. Confesso, me foram tomadas sem dó. Confesso, já não vejo luz no fim do túnel - aliás, por onde anda este túnel? -, já nem se quer enxergo verdade.

Ando meio doente, jogado ao chão, esperando algo que bem sei o que é. Ando meio...Sem você.

Adeus

- Um brinde, meu caro espelho. À nosso primeiro mês de solidão. Levantei a primeira taça da minha segunda garrafa de vinho enquanto olhava as marcas deixadas em meu rosto por uma leve mistura de lágrimas e delineador preto.

Um mês. Trinta longos dias desde que ele partira. Como eu pude? Como? Qual é o meu problema? Por que eu não cuidei dele melhor? Eu sabia do seu longo histórico de doenças, sabia que este dia chegaria. Eu temia isto.

Ainda me lembro do seu rosto pálido e seus lábios – antes tão vermelhos e vivos – sussurrando alguma coisa que pensei ter sido “seja forte”. Ainda lembro-me bem de seus olhos fechando vagarosamente, como se quisessem dormir para sempre. Como se precisassem fechar, como se já não houvesse força nenhuma naquele corpo para mantê-los abertos, vivos, serenos, cheios de paz.

- Do que adianta, não é? Irá chorar agora, você tem certeza que irá fraquejar? Ele mandou você ser forte. Seja forte!

Foram minhas últimas palavras antes de atirar a taça no chão, deitar sobre a velha cama onde ele havia partido e chorar.

De nada importava a vida. Certamente as paredes não contariam para ninguém este meu momento de fraqueza. Eu precisava disso. Necessitava deste choro como se fosse o único modo de me manter viva. Me sentir viva. O único modo para mostrar para as cortinas – que neste momento tampavam o indesejado sol – que eu estava viva. Que havia um milhão de motivos para eu continuar com a vida. Um milhão de motivos que algum dia eu descobriria. Sem cessar eu buscaria um destes motivos.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Só mais uma noite

Me beije pela última vez e permita com que eu sinta o gosto amargo do teu adeus.
Toque em minha pele com a ponta dos teus dedos e faça com que minha carga de energia se altere em questão de segundos e de diferentes formas.
Sussurre com a voz rouca em meu ouvido a palavra "amor" pela última vez e libere meu libido. Oh, sim, o libere nem que seja por um instante.
Me toque, deixe-me te sentir, sacie o desejo do meu corpo, da minha mente, do meu insensato e tolo coração.
Oh, garoto, toque-me com teus dedos, encoste-me em teu corpo, faça com que este desejo seja recíproco por um momento. Oh, garoto, necessito da tua pele nesta noite, só por esta noite.
Feche teus olhos, permita-me lhe provocar por um instante, permita-me fazer com que esta noite seja lembrada por nós como uma despedida - uma doce e deliciosa despedida.
Tudo bem, não irei lhe procurar depois, não lhe ligarei quando o sol voltar. Posso partir enquanto dormes, querido anjo, oh sim, eu posso.
Só por favor, esqueça-te de tudo esta noite e seja meu. Meu com todo desejo e vontade que sentes, oh, seja meu por esta noite.