sábado, 17 de dezembro de 2011
Não é amor
Sobre o que escrever? Talvez sobre a dor, sobre as lembranças, sobre a foto no mural, sobre os pedaços da foto que fora rasgada com certa raiva, certa urgência. Talvez escrever sobre superação. Sobre os sorrisos que dei depois que descobri que o amor havia chego ao fim. Chegou?
Chegou. Já não é mais amor. Pode ser qualquer pseudo sentimento parecido, mas não amor. Não mais. E sorrir por isso é um tanto quanto assustador, porém necessário. Enfim após tanto tempo o amor acabou. O amor foi substituído por carinho, gratidão? Talvez. Ou simplesmente foi indo embora com o tempo, foi indo embora junto com a indiferença. Já não é mais amor, meu amor.
quarta-feira, 24 de agosto de 2011
Raiva Escrita
Há quem diga que tudo flui ainda mais fácil quando se está triste. Acredito nisso apenas pelo fato de só conseguir escrever quando sinto meus olhos marejados com aquelas lágrimas que gosto de chamar de saudade... Só por isto, nada mais flui melhor em mim quando estou triste. Nada.
Decidi, então, acumular raiva. Muita raiva. Decidi ter os olhos vermelhos e as mãos trêmulas somente por lembrar de atitudes tuas que me enfureceram. Atitudes que me fizeram amar-te menos. Atitudes ruins. Extremamente ruins e desleais. E aí então peguei lápis e papel.
A ponta do lápis afundava no delicado papel a cada ponto colocado. Não tive pena, continuei a escrever até que me dei conta do papel rasgado. Dei de ombros. Continuei escrevendo até que senti escorregando por minha bochecha uma lágrima. Lágrima de raiva. Sorri e continuei.
O texto já não tinha sentido algum. Ficou feio, frio, com vírgulas demais e pontos de menos. Entristeci. Como pode uma raiva tão bela acabar se tornando um papel amassado, rasgado e sujo?
Os olhos já haviam mudado de cor, já não tinha neles aquele tom avermelhado que antes me alegrou. Agora eles estavam cinza, entreabertos e marejados. A tristeza havia voltado, era hora de escrever.
sexta-feira, 19 de agosto de 2011
- Não faz meu estilo.
- Seus textos não tem sentido.
- Mas não rimam.
- Por que você não tenta? Sabe, às vezes é bom ten...
- Porque seriam prosas inacabadas e todas com um único assunto.
- Que assunto?
- Você.
Não, não venha. A primavera está chegando e, com ela, está vindo minha vontade de viver. Está vindo a sede pela substância capaz de fazer com que eu me sinta bem. De bem. De bem comigo mesma. De bem com a vida. Com o mundo...Com minha doce solidão. Não venha estragar isto.
Não me apareça com tuas metades retorcidas e com seu sorriso torto que - antes - me deixava tonta. Não me apareça por aqui tentando fazer com que eu respire esse amor que já não é mais meu. Só não apareça para sangrar ainda mais a ferida que está tentando ser cicatrizada.
Não a cutuque, não zombe dela - não zombe de mim, dos meus textos e da minha crise existencial. Sei que existe toda aquela graça de me ver sofrer e ver o quanto sou capaz de lhe amar, mas por favor, chega de piadas. Principalmente daquela que você gosta de chamar de...
- Indiferença?
Isto, exatamente! É a piada que mais me atinge. Chega dela, isso...Isso mesmo! Chega dela.
Um Encontro Com A Morte
Era estupidamente terrível ver aquela garota jogada ao chão. Era desnorteante ver seus olhos cansados de tantas lágrimas, mas era ainda mais assustador ver como aquela garota gritava por meu nome, como se apenas eu a pudesse ajudar.
Eu tentei de todas formas compatíveis com minha função ignorá-la. Como era possível uma garota tão linda quanto aquela chorar e implorar por minha presença? Eu não era nada, ela iria conseguir se reerguer e ter um destino melhor. Por que, então, ela não enxergava isto?
A garota continuava lá jogada ao chão, soluçando e buscando um pouco de ar para seus pulmões já fracos, cansados de tantos suspiros. A garota continuava lá com sua maquiagem borrada sem nem se quer fazer esforço para buscar uma nova solução. Ela repetia para si mesma: "eu já tentei, juro que tentei...Venha me buscar".
Às vezes não gosto do papel que tenho de exercer, são em horas assim que penso porque tive de ser eu a fazer algo com essa garota. Eu não queria! Por que ela havia de querer? Não era a hora de eu ir até ela e buscá-la, e trazê-la para perto de mim, não era. Por que ela tinha de querer apressar as coisas?
Fingir que ela não me chamava já era em vão, seus gritos ecoavam por meus ouvidos e era quase impossível fazer outra coisa a não ser prestar atenção nela. Tive de fazer o que ela me pedira, me implorara, me suplicara. Tive de ir até ela e estender minha gélida mão mesmo contra minha vontade.
- Pronto, minha querida, estou aqui. Desculpe minha demora, podemos ir agora? Prazer, meu nome é Morte.
Tempo Pt. 2
quarta-feira, 27 de julho de 2011
Acasos do Acaso
E hoje eu vi uma menina de cabeça baixa sentada no ônibus, ela folheava um livro e parecia engolir cada palavra que ali estava escrita. Não consegui ver o título, tampouco de que autor se tratava, também pudera…Só consegui prestar atenção em como seu cabelo acabava no ombro e o quão ela ficava linda concentrada nas palavras.
Ela fazia o tipo coração-de-pedra ou era somente mais uma que se encaixava no grupo extremamente-fria-após-decepções-amorosas. A forma como ela não prestava atenção em nenhum dos rapazes que a observavam - assim como eu - me encantou. O que será de tão importante que ela lia e relia? O que será que os fones em seu ouvido estavam dizendo? Será nacional ou internacional? Metal ou rock? MPB? Ela fazia o estilo MPB, como se estivesse atrasada 30 anos.
Ela me ganhou. E justo eu, oh Senhor, que não sou de me encantar por qualquer guriazinha que me cruza os olhos, justo eu que não sou facilmente domado…
Oh, pequena dos olhos atentos, dos olhos nervosos, dos olhos claros (azuis ou verdes?), preste atenção em mim. Preste atenção neste cara parado à sua frente, permita-me te domar, tirar tua atenção, permita-me ser mais interessante do que qualquer livro ou MPB, permita-me fazer história junto à ti e eu prometo que soara como qualquer livro do seu escritor predileto. Só permita-me cruzar teu dia, esqueça as mágoas e os falsos amores. Estou pronto para fazer história, junte-se a mim.
terça-feira, 19 de julho de 2011
Você foi, foi muito antes. Partiu, disse adeus três, quatro, cinco vezes. Não derramou nenhuma lágrima, encheu o peito e disse "estou feliz" e tudo que fiz foi suspirar. Chorei escondida dos teus olhos, sua indiferença me atravessou o peito. E então foi. Fui. Fomos. Somos? Não.
Você saiu do barco, largou o remo, furou o fundo e não me estendeu a mão. Deixou com que eu afundasse naquele barco furado sozinha, com as mãos atadas e o coração em destroços. Não te surpreendas caso ouça alguém - alguns, uns cem - falar de mim. Talvez eu vire lenda, mais ou menos assim:
Esta é a história da menina que sobreviveu à um coração partido e um barco furado. Esta é a história da menina que nadou até beira mar com mãos atadas. A história da menina força de vontade.
Fim.
terça-feira, 28 de junho de 2011
Até logo, fantasias
Sou extremo, exagero, xícara de café quente transbordando, queimando... Esfriando?
Sou alegrias passageiras, tristezas escritas, verdade ditas, não ditas, citadas em tom poético. Poético? Ah, por favor, poupe-me.
Sou mudança. Extrema mudança, sou cansaço...
- Cansaço do que? (Da vida. Da mentira. Do choro. Do amargo. Do previsível. Da rotina. Do medo. Da porcaria do medo de ser feliz e seguir em frente) Ah, de nada não, só cansaço.
Chegou a hora de recomeçar, ou não. É tão difícil conseguir algo novo em meio a dias que te parecem tão iguais – e sem sal, confesso – que acabo com mais um final de semana embaixo das cobertas com medo dos monstros criados por mim. Com medo de monstros que cruzaram minhas cobertas e me tomaram a felicidade.
- Ah, fiquem com ela... Estou acomodada com minhas lágrimas. Até logo, fantasias!
terça-feira, 21 de junho de 2011
Tempo
O que nos cura são as pessoas, a volta delas. O que nos cura é o carinho, é sentir que somos especiais na vida de alguém - muitas vezes da mesma forma como as mesmas são nas nossas, como alicérces: algo que nos mantém de pé. Mas não o tempo. Não, não ele.
Passou da hora de levantar e esticar os pés, talvez até dê um ou dois bocejos, mas está na hora de levantar. Levantar e correr atrás do que te faz bem. Do que faz bem pro coração.
Não, o tempo não irá trazer o que você quer, não irá curar sua doença ou a ferida do teu coração. O tempo não vai te trazer nada, benefício algum...Agora sua fé e a força de vontade para correr atrás...Ah! Essa sim te dará alegrias. Inúmeras e inconstantes alegria, meu bem.
terça-feira, 7 de junho de 2011
Caso você se sinta sozinho, por favor, ligue-me
Se este frio vier te fazer companhia e a falta de um amor de verdade assombrar teus sonhos, lembre-se de tudo que eu lhe dei e quis lhe dar.
Se a vida começar a passar rápido e te afastar de mim, não deixe. Por favor, não deixe!
Se teu coração apertar - assim como o meu aperta - não sinta essa dor. Não, nenhuma dor para você. Jamais, nenhuma dor para você.
Não me esqueça, não deixe a rotina do teu dia-a-dia apagar-me por completo da tua vida. Você ainda anda tão vivo dentro de mim.
Pessoas fingem que te querem bem, mentem, te enganam, fingem se importar.
Pessoas vão embora da tua vida, te deixam sozinho, sem ninguém, sem carinho, sem caminho.
Pessoas não sabem o que fazer, como agir, como se importar de verdade.
Ah, pessoas...Aprendam a ser pessoas.
terça-feira, 17 de maio de 2011
segunda-feira, 16 de maio de 2011
Apenas vivendo
Todos os dias tão iguais, mesmos lugares, mesma rotina, mesmas pessoas, até mesmo as mesmas músicas, e você cruzou. Passou por mim tão rápido em um desses dias que me fez tropeçar.
"- Ué, este rosto eu nunca havia visto." Dentre tantas outras situações que me imaginei, este pensamento foi o que se destacou. Nunca havia me cruzado o dia, realmente.
Mas você passou tão depressa, como se algo de muito importante lhe aguardasse. Talvez a dona do seu coração, talvez seu emprego, talvez o sinal de seu colégio, ou talvez você estivesse como eu - apenas vivendo - que nem sequer me notou, nem sequer notou o carro que estava vindo em sua direção.
- Cuidado! - Gritei antes que você colocasse o maldito pé na rua e parasse até de viver. Ali você me notou, ah, se notou.
- Obrigado, muito obrigado. Gostaria de tomar um café? Prazer, meu nome é Acaso.
terça-feira, 10 de maio de 2011
Você vai voltar?
Ando meio
Ando meio cabisbaixo. Jogado aos cantos, esperando por alguém. Ando meio cabisbaixo, esperando o final em que tudo fica bem.
Confesso, já não tenho esperanças. Confesso, me foram tomadas sem dó. Confesso, já não vejo luz no fim do túnel - aliás, por onde anda este túnel? -, já nem se quer enxergo verdade.
Ando meio doente, jogado ao chão, esperando algo que bem sei o que é. Ando meio...Sem você.
Adeus
Um mês. Trinta longos dias desde que ele partira. Como eu pude? Como? Qual é o meu problema? Por que eu não cuidei dele melhor? Eu sabia do seu longo histórico de doenças, sabia que este dia chegaria. Eu temia isto.
Ainda me lembro do seu rosto pálido e seus lábios – antes tão vermelhos e vivos – sussurrando alguma coisa que pensei ter sido “seja forte”. Ainda lembro-me bem de seus olhos fechando vagarosamente, como se quisessem dormir para sempre. Como se precisassem fechar, como se já não houvesse força nenhuma naquele corpo para mantê-los abertos, vivos, serenos, cheios de paz.
- Do que adianta, não é? Irá chorar agora, você tem certeza que irá fraquejar? Ele mandou você ser forte. Seja forte!
Foram minhas últimas palavras antes de atirar a taça no chão, deitar sobre a velha cama onde ele havia partido e chorar.
De nada importava a vida. Certamente as paredes não contariam para ninguém este meu momento de fraqueza. Eu precisava disso. Necessitava deste choro como se fosse o único modo de me manter viva. Me sentir viva. O único modo para mostrar para as cortinas – que neste momento tampavam o indesejado sol – que eu estava viva. Que havia um milhão de motivos para eu continuar com a vida. Um milhão de motivos que algum dia eu descobriria. Sem cessar eu buscaria um destes motivos.
terça-feira, 3 de maio de 2011
Só mais uma noite
quarta-feira, 20 de abril de 2011
"Querida neta,
Você sabe que as notícias por aqui correm mais rápidas do que o Dumbo conseguia voar, não é? Pois bem, por isto estou te escrevendo... Esta coisa de tecnologia e falar por computador não é a mesma coisa do que lhe dar um pouco de minhas palavras escritas.
Soube que você tem andado triste, que já não consegue mais nem controlar suas próprias lágrimas, anda pequena... Posso chutar que é por causa de um coração ferido?
Ora, quisera eu que você pudesse ter nascido em minha época. Rapazes brigariam até a morte por uma guria como você. O que aconteceu com os cavalheiros? Preferiram optar pelos dragões enquanto uma princesa como você está presa em uma torre alta?
Lembra quando seu velho avô te pegava no colo e dizia que você era uma princesa e que um príncipe em um cavalo branco viria te resgatar, porém antes disso teria de ter minha permissão? Pois bem, você era novinha demais para eu alertar este seu coração que antes disso você sofreria algumas vezes. Por isso, não posso dizer que será a última vez que você irá chorar, mas posso te dizer que irá passar. Porque tudo passa, minha pequena.
Seu avô magoou sua avó uma vez, porém veja só... Estamos juntos há cinqüenta anos. Brigamos sim, e você sabe, mas passa. Até porque já somos velhos demais para chorarmos por algo que não irá mais mudar: nosso casamento.
Mas não desejo que você leve a vida que eu e sua avó levamos, não que não seja boa, mas você é a minha princesa, a primeira princesa das netas, você merece um amor igual o da Cinderela, ou o da Branca de Neve, que você insistia tanto em ver quando ainda pequena. Um amor que dure para sempre, Bebé.
E lembre que tem um velho pelas bandas de Porto Alegre que sempre vai estar torcendo por ti. Eu amo você.
Um beijo com saudades, Corintho."
terça-feira, 12 de abril de 2011
Ah, por favor, se cuida
sexta-feira, 1 de abril de 2011
Tanto faz se depois for nunca mais
quinta-feira, 31 de março de 2011
Texto de 2009
E se eu pudesse ter um desejo realizado neste momento pediria você. Porque, apesar de chorar e sofrer, minha vida fez sentido ao te conhecer. Um desejo só...eu seria capaz de implorar aos céus. Só um. Só você. Eu. Nós.
Não quero amar, não quero sofrer, não quero a dor pra minha vida! Mas eu quero você. E, me diga força maior, não seria a mesma coisa? Te ter é ter ao sofrimento da distância. Te ter é sentir a felicidade em cada inalar.
Eu sofro da bipolaridade de um amor. Sofro de algo que ninguém nunca vai saber - muito menos entender. Eu sofro...sem você.
domingo, 20 de março de 2011
"Necessidade de amar"
Perguntaram-me sobre a necessidade do amor em minha vida, logo tive medo. Tive medo de não saber ao certo expressar-me de forma que todos compreendam que, para mim, o amor é um alicerce, é como se fosse um dos pilares que me mantém em pé.
Então, antes de escrever, resolvi pensar. Resolvi pensar em vários tipos diferentes de um sentimento que é extremamente necessários, que deveria ser extremamente necessário para qualquer outra pessoa no mundo.
Necessidade? Bom, eu preciso do amor para que eu possa sorrir. Preciso do amor e das palavras de carinho de alguém para que eu sinta coragem de enfrentar todos os obstáculos que ainda estão por vir em minha vida. Preciso desse amor pelo simples fato de saber que seria impossível agüentar o quão má a vida pode ser sozinha.
É absurdamente necessário o amor sincero de minha mãe. Um amor que me corrige todas as vezes que estou errada, um amor que não me julga, que me faz melhor. Um amor que sabe exatamente a hora de me abraçar e, ao mesmo tempo, sabe a hora que eu preciso enxergar algo de errado.
É necessário o amor divertido das minhas amigas. Um amor que eu sei que é de verdade, que tem palavras de verdade. Um amor que não passa a mão em minha cabeça a todo tempo, mas sim o amor que sempre me estende a mão quando estou caída – ou ainda melhor, os braços atrás de mim que jamais me deixam tropeçar.
Ah, e o amor... Aquele amor que a maioria de nós vê em filmes e em contos de fadas. Aquele amor que nós esperamos encontrar pode demorar 10 ou 100 anos. Aquele amor que nos fará forte, que enfrentará do nosso lado tudo que estiver por vir, aquele amor que jamais nos deixará só, aquele amor que nos encherá com sua presença e nos sufocará de alegria.
Da necessidade deste amor as pessoas gostam tanto de falar, não é? Sinto como se fosse o acontecimento mais maravilhoso de toda uma vida, de todas nossas vidas. Sinto anseio e vontade de que este amor me encontre para que eu possa, assim, viver a necessidade dele.
“Mas e se ele jamais me encontrar?” Pergunto-me a mim mesma. “Vou me decepcionar muitas vezes com amores disfarçados de amor de verdade?” Indago-me novamente.
Talvez, apenas talvez. Talvez este amor demore tanto a me encontrar que eu desista de esperar e, então, quando eu realmente desistir ele irá aparecer. Eu ouvirei vozes na minha cabeça dizendo para duvidar, para ter cautela, ouvirei vozes dizendo que é outro falso amor. As ignorarei e, mais uma vez, estarei me entregando à possibilidade de encontrar essa tão sonhada necessidade de amar.
quarta-feira, 16 de março de 2011
Cuidado com seus pedidos
Era estupidamente terrível ver aquela garota jogada ao chão. Era desnorteante ver seus olhos cansados de tantas lágrimas, mas era ainda mais assustador ver como aquela garota gritava por meu nome, como se apenas eu a pudesse ajudar.
Eu tentei de todas formas compatíveis com minha função ignorá-la. Como era possível uma garota tão linda quanto aquela chorar e implorar por minha presença? Eu não era nada, ela iria conseguir se reerguer e ter um destino melhor. Por que, então, ela não enxergava isto?
A garota continuava lá jogada ao chão, soluçando e buscando um pouco de ar para seus pulmões já fracos, cansados de tantos suspiros. A garota continuava lá com sua maquiagem borrada sem nem se quer fazer esforço para buscar uma nova solução. Ela repetia para si mesma: "eu já tentei, juro que tentei...Venha me buscar".
Às vezes não gosto do papel que tenho de exercer, são em horas assim que penso porque tive de ser eu a fazer algo com essa garota. Eu não queria! Por que ela havia de querer? Não era a hora de eu ir até ela e buscá-la, e trazê-la para perto de mim, não era. Por que ela tinha de querer apressar as coisas?
Fingir que ela não me chamava já era em vão, seus gritos ecoavam por meus ouvidos e era quase impossível fazer outra coisa a não ser prestar atenção nela. Tive de fazer o que ela me pedira, me implorara, me suplicara. Tive de ir até ela e estender minha gélida mão mesmo contra minha vontade.
- Pronto, minha querida, estou aqui. Desculpe minha demora, podemos ir agora? Prazer, meu nome é Morte.