sábado, 17 de dezembro de 2011

Não é amor

Nove meses se passaram e, pela primeira vez, decidi pegar o papel sem lágrimas. Sem afundar a ponta do lápis fazendo alguns estragos em algo tão delicado.... O papel não é meu coração, afinal. Aquele coração surrado, maltratado e cheio de estragos. Aquele coração que já não é mais tão sonhador e nem se quer acredita tanto na história de a-princesa-beijou-o-sapo-e-os-dois-são-felizes-para-sempre. Puf.

Sobre o que escrever? Talvez sobre a dor, sobre as lembranças, sobre a foto no mural, sobre os pedaços da foto que fora rasgada com certa raiva, certa urgência. Talvez escrever sobre superação. Sobre os sorrisos que dei depois que descobri que o amor havia chego ao fim. Chegou?

Chegou. Já não é mais amor. Pode ser qualquer pseudo sentimento parecido, mas não amor. Não mais. E sorrir por isso é um tanto quanto assustador, porém necessário. Enfim após tanto tempo o amor acabou. O amor foi substituído por carinho, gratidão? Talvez. Ou simplesmente foi indo embora com o tempo, foi indo embora junto com a indiferença. Já não é mais amor, meu amor.

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Raiva Escrita

Há quem diga que tudo flui ainda mais fácil quando se está triste. Acredito nisso apenas pelo fato de só conseguir escrever quando sinto meus olhos marejados com aquelas lágrimas que gosto de chamar de saudade... Só por isto, nada mais flui melhor em mim quando estou triste. Nada.

Decidi, então, acumular raiva. Muita raiva. Decidi ter os olhos vermelhos e as mãos trêmulas somente por lembrar de atitudes tuas que me enfureceram. Atitudes que me fizeram amar-te menos. Atitudes ruins. Extremamente ruins e desleais. E aí então peguei lápis e papel.

A ponta do lápis afundava no delicado papel a cada ponto colocado. Não tive pena, continuei a escrever até que me dei conta do papel rasgado. Dei de ombros. Continuei escrevendo até que senti escorregando por minha bochecha uma lágrima. Lágrima de raiva. Sorri e continuei.

O texto já não tinha sentido algum. Ficou feio, frio, com vírgulas demais e pontos de menos. Entristeci. Como pode uma raiva tão bela acabar se tornando um papel amassado, rasgado e sujo?

Os olhos já haviam mudado de cor, já não tinha neles aquele tom avermelhado que antes me alegrou. Agora eles estavam cinza, entreabertos e marejados. A tristeza havia voltado, era hora de escrever.

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

- Por que você não escreve poesias, poemas? Aquele monte de palavras que, de alguma maneira, rimam no final...Mesmo que não tenha sentido!
- Não faz meu estilo.
- Seus textos não tem sentido.
- Mas não rimam.
- Por que você não tenta? Sabe, às vezes é bom ten...
- Porque seriam prosas inacabadas e todas com um único assunto.
- Que assunto?
- Você.
"Venha que o amor tem sempre a porta aberta, e vem chegando a primavera...Venha que o que vem é perfeição".
Não, não venha. A primavera está chegando e, com ela, está vindo minha vontade de viver. Está vindo a sede pela substância capaz de fazer com que eu me sinta bem. De bem. De bem comigo mesma. De bem com a vida. Com o mundo...Com minha doce solidão. Não venha estragar isto.

Não me apareça com tuas metades retorcidas e com seu sorriso torto que - antes - me deixava tonta. Não me apareça por aqui tentando fazer com que eu respire esse amor que já não é mais meu. Só não apareça para sangrar ainda mais a ferida que está tentando ser cicatrizada.

Não a cutuque, não zombe dela - não zombe de mim, dos meus textos e da minha crise existencial. Sei que existe toda aquela graça de me ver sofrer e ver o quanto sou capaz de lhe amar, mas por favor, chega de piadas. Principalmente daquela que você gosta de chamar de...
- Indiferença?
Isto, exatamente! É a piada que mais me atinge. Chega dela, isso...Isso mesmo! Chega dela.

Um Encontro Com A Morte

Era estupidamente terrível ver aquela garota jogada ao chão. Era desnorteante ver seus olhos cansados de tantas lágrimas, mas era ainda mais assustador ver como aquela garota gritava por meu nome, como se apenas eu a pudesse ajudar.

Eu tentei de todas formas compatíveis com minha função ignorá-la. Como era possível uma garota tão linda quanto aquela chorar e implorar por minha presença? Eu não era nada, ela iria conseguir se reerguer e ter um destino melhor. Por que, então, ela não enxergava isto?

A garota continuava lá jogada ao chão, soluçando e buscando um pouco de ar para seus pulmões já fracos, cansados de tantos suspiros. A garota continuava lá com sua maquiagem borrada sem nem se quer fazer esforço para buscar uma nova solução. Ela repetia para si mesma: "eu já tentei, juro que tentei...Venha me buscar".

Às vezes não gosto do papel que tenho de exercer, são em horas assim que penso porque tive de ser eu a fazer algo com essa garota. Eu não queria! Por que ela havia de querer? Não era a hora de eu ir até ela e buscá-la, e trazê-la para perto de mim, não era. Por que ela tinha de querer apressar as coisas?

Fingir que ela não me chamava já era em vão, seus gritos ecoavam por meus ouvidos e era quase impossível fazer outra coisa a não ser prestar atenção nela. Tive de fazer o que ela me pedira, me implorara, me suplicara. Tive de ir até ela e estender minha gélida mão mesmo contra minha vontade.

- Pronto, minha querida, estou aqui. Desculpe minha demora, podemos ir agora? Prazer, meu nome é Morte.

Tempo Pt. 2

Tempo, passou da hora de me surpreenderes. Me pregue uma peça - boa ou ruim. Tempo, por que pareces não passar? Por que ages desta forma, me faz sangrar? Tempo, não me desespere, apenas passe. Por que me feres, coisa inútil? Por que teus ponteiros entram dentro de minhas veias e acabam jorrando sem cessar meu sangue, minhas esperanças?

Já quis que tu parastes, quanta ironia, não é? Hoje tudo que quero é que tu vá cada vez mais depressa...Vá de uma maneira que leve embora toda e qualquer tipo de memória que ainda me fere a alma. Ah, minha alma...Antes tão reluzente, hoje está virada em pó. Em algo sombrio, triste, amargurado e tudo por sua culpa, querido Tempo, que insiste em não passar, em congelar, em regredir à lembranças tão congestionadas.

Até quando isto vai durar? Quanto mais terei de esperar? Estou tão esgotada de sacrifícios que tu me opõe, tão cansada de arrumar forças de lugares que já nem sei de onde são. Tão cansada de você, de mim...Da falta de mudanças. Anda, Tempo, leva embora o que me amargura e, por favor, traga de volta minha alma colorida.

quarta-feira, 27 de julho de 2011

Acasos do Acaso

E hoje eu vi uma menina de cabeça baixa sentada no ônibus, ela folheava um livro e parecia engolir cada palavra que ali estava escrita. Não consegui ver o título, tampouco de que autor se tratava, também pudera…Só consegui prestar atenção em como seu cabelo acabava no ombro e o quão ela ficava linda concentrada nas palavras.

Ela fazia o tipo coração-de-pedra ou era somente mais uma que se encaixava no grupo extremamente-fria-após-decepções-amorosas. A forma como ela não prestava atenção em nenhum dos rapazes que a observavam - assim como eu - me encantou. O que será de tão importante que ela lia e relia? O que será que os fones em seu ouvido estavam dizendo? Será nacional ou internacional? Metal ou rock? MPB? Ela fazia o estilo MPB, como se estivesse atrasada 30 anos.

Ela me ganhou. E justo eu, oh Senhor, que não sou de me encantar por qualquer guriazinha que me cruza os olhos, justo eu que não sou facilmente domado…

Oh, pequena dos olhos atentos, dos olhos nervosos, dos olhos claros (azuis ou verdes?), preste atenção em mim. Preste atenção neste cara parado à sua frente, permita-me te domar, tirar tua atenção, permita-me ser mais interessante do que qualquer livro ou MPB, permita-me fazer história junto à ti e eu prometo que soara como qualquer livro do seu escritor predileto. Só permita-me cruzar teu dia, esqueça as mágoas e os falsos amores. Estou pronto para fazer história, junte-se a mim.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Fui embora, me arrisquei no imprevisível. Fui, parti, tomei juízo e me esquivei do passado incerto. Desencantei, desanimei, chorei, sofri, mas fui. Fui para não mais voltar.

Você foi, foi muito antes. Partiu, disse adeus três, quatro, cinco vezes. Não derramou nenhuma lágrima, encheu o peito e disse "estou feliz" e tudo que fiz foi suspirar. Chorei escondida dos teus olhos, sua indiferença me atravessou o peito. E então foi. Fui. Fomos. Somos? Não.

Você saiu do barco, largou o remo, furou o fundo e não me estendeu a mão. Deixou com que eu afundasse naquele barco furado sozinha, com as mãos atadas e o coração em destroços. Não te surpreendas caso ouça alguém - alguns, uns cem - falar de mim. Talvez eu vire lenda, mais ou menos assim:
Esta é a história da menina que sobreviveu à um coração partido e um barco furado. Esta é a história da menina que nadou até beira mar com mãos atadas. A história da menina força de vontade.
Fim.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Até logo, fantasias

Sou extremo, exagero, xícara de café quente transbordando, queimando... Esfriando?
Sou alegrias passageiras, tristezas escritas, verdade ditas, não ditas, citadas em tom poético. Poético? Ah, por favor, poupe-me.

Sou mudança. Extrema mudança, sou cansaço...

- Cansaço do que? (Da vida. Da mentira. Do choro. Do amargo. Do previsível. Da rotina. Do medo. Da porcaria do medo de ser feliz e seguir em frente) Ah, de nada não, só cansaço.

Chegou a hora de recomeçar, ou não. É tão difícil conseguir algo novo em meio a dias que te parecem tão iguais – e sem sal, confesso – que acabo com mais um final de semana embaixo das cobertas com medo dos monstros criados por mim. Com medo de monstros que cruzaram minhas cobertas e me tomaram a felicidade.

- Ah, fiquem com ela... Estou acomodada com minhas lágrimas. Até logo, fantasias!

terça-feira, 21 de junho de 2011

Tempo

O tempo não cura nada. Doença não é curada sem remédio, tempo não é remédio. Talvez o tempo faça com que a doença se torne tão parte da sua vida que você se acostuma com ela - até mesmo com a dor que provavelmente ela causa. Mas não cura. Não, senhor, ele não cura.
O que nos cura são as pessoas, a volta delas. O que nos cura é o carinho, é sentir que somos especiais na vida de alguém - muitas vezes da mesma forma como as mesmas são nas nossas, como alicérces: algo que nos mantém de pé. Mas não o tempo. Não, não ele.
Passou da hora de levantar e esticar os pés, talvez até dê um ou dois bocejos, mas está na hora de levantar. Levantar e correr atrás do que te faz bem. Do que faz bem pro coração.
Não, o tempo não irá trazer o que você quer, não irá curar sua doença ou a ferida do teu coração. O tempo não vai te trazer nada, benefício algum...Agora sua fé e a força de vontade para correr atrás...Ah! Essa sim te dará alegrias. Inúmeras e inconstantes alegria, meu bem.
Tudo bem, saudade vem, saudade vai. Como pessoas que vão e vem, passam e marcam, talvez ficam, talvez não. Quem sabe? Eu sei.
Coisas da vida, momentos da vida...Teus, meus, nossos talvez. Mas só talvez, talvez eu os queira apenas para mim. Por egoísmo, por querer sentir, por não querer que ninguém toque, ninguém mexa ou remexa naquilo que foi meu. Minhas lembranças. De mais ninguém. Minhas ou suas, mas só nossas. Não quero que ninguém mais as toque, são puras, não merecem dedos sujos as tocando. Só os meus...E os teus. Os nossos.
Mas tudo bem, eu repito. Tudo extremamente bem. Tudo vem, tudo vai...Tudo volta. Vê se volta, viu? A porta está aberta e a janela, bem, a janela é baixa o suficiente para você pular. Então vê se volta.

terça-feira, 7 de junho de 2011

Se sentir minha falta, por favor, avise.
Caso você se sinta sozinho, por favor, ligue-me
Se este frio vier te fazer companhia e a falta de um amor de verdade assombrar teus sonhos, lembre-se de tudo que eu lhe dei e quis lhe dar.
Se a vida começar a passar rápido e te afastar de mim, não deixe. Por favor, não deixe!
Se teu coração apertar - assim como o meu aperta - não sinta essa dor. Não, nenhuma dor para você. Jamais, nenhuma dor para você.
Não me esqueça, não deixe a rotina do teu dia-a-dia apagar-me por completo da tua vida. Você ainda anda tão vivo dentro de mim.
Pessoas te criticam, te julgam, julgam teus sentimentos, tuas vestes, teu falso sorriso.
Pessoas fingem que te querem bem, mentem, te enganam, fingem se importar.
Pessoas vão embora da tua vida, te deixam sozinho, sem ninguém, sem carinho, sem caminho.
Pessoas não sabem o que fazer, como agir, como se importar de verdade.
Ah, pessoas...Aprendam a ser pessoas.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Não era amor. Era desejo recíproco, era paixão, era fogo, era novo. Não era amor, não tinha juras, tampouco ligações no dia seguinte. Não era amor, não havia palavras, apenas sussurros ao pé do ouvido. Não era amor, não tinha compromisso, cobrança, apenas um lençol bagunçado. Não era amor, não para ele. Não para ela.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Apenas vivendo

Não estava atrás de nada, nem ninguém. Já havia desistido, deixado para trás tantos sonhos, tantas pessoas. Não estava atrás de futuro, de sucesso, de amor. Só estava...Vivendo.

Todos os dias tão iguais, mesmos lugares, mesma rotina, mesmas pessoas, até mesmo as mesmas músicas, e você cruzou. Passou por mim tão rápido em um desses dias que me fez tropeçar.

"- Ué, este rosto eu nunca havia visto." Dentre tantas outras situações que me imaginei, este pensamento foi o que se destacou. Nunca havia me cruzado o dia, realmente.

Mas você passou tão depressa, como se algo de muito importante lhe aguardasse. Talvez a dona do seu coração, talvez seu emprego, talvez o sinal de seu colégio, ou talvez você estivesse como eu - apenas vivendo - que nem sequer me notou, nem sequer notou o carro que estava vindo em sua direção.

- Cuidado! - Gritei antes que você colocasse o maldito pé na rua e parasse até de viver. Ali você me notou, ah, se notou.

- Obrigado, muito obrigado. Gostaria de tomar um café? Prazer, meu nome é Acaso.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Você vai voltar?

Você se foi, nem se quer se despediu. Tentou, eu sei. Não deixei. Meus olhos estavam sendo tampados pela tristeza, não quis acreditar. Como você pôde partir? Eu era sua menina, toda sua. Porque me deixou aqui sozinha? Me ajude a levantar, por favor! É difícil sozinha.

Você vai voltar? Não disse isso quando partiu, pensei que tivesse sido momentâneo. Pensei que em breve você estaria nos meus braços, que eu estaria em seus braços, aqueles que eu costumava chamar de meu ninho. Ora, eu era sua menina, não era? Você me protegia, por que me deixou?

Me ajude a levantar, por favor! Está difícil, eu não consigo. Ora, raios, eu era forte. Sei que era. Eu sou forte, mas estou escondida, desprotegida, indefesa. Não me pergunte porque, apenas estou. Isto é saudade, sei bem. Mas você não vê, por que não vê? Não quer ver?

Por enquanto é saudade, essa maldita saudade que me cega os olhos, que me paraliza as pernas, que faz sangrar meu coração. Por enquanto é saudade, essa saudade doída, cheia de lembranças, cheia de carinhos. Essa saudade que é tua, toda tua. Minha, toda minha. Essa saudade de tudo que um dia foi só nosso.

Ando meio

Ando meio doente. Não sinto fome, não tenho controle sobre as lágrimas, meu coração dói demais. Ando meio doente. Não consigo dormir, não consigo sorrir, mal tenho forças para fingir.

Ando meio cabisbaixo. Jogado aos cantos, esperando por alguém. Ando meio cabisbaixo, esperando o final em que tudo fica bem.

Confesso, já não tenho esperanças. Confesso, me foram tomadas sem dó. Confesso, já não vejo luz no fim do túnel - aliás, por onde anda este túnel? -, já nem se quer enxergo verdade.

Ando meio doente, jogado ao chão, esperando algo que bem sei o que é. Ando meio...Sem você.

Adeus

- Um brinde, meu caro espelho. À nosso primeiro mês de solidão. Levantei a primeira taça da minha segunda garrafa de vinho enquanto olhava as marcas deixadas em meu rosto por uma leve mistura de lágrimas e delineador preto.

Um mês. Trinta longos dias desde que ele partira. Como eu pude? Como? Qual é o meu problema? Por que eu não cuidei dele melhor? Eu sabia do seu longo histórico de doenças, sabia que este dia chegaria. Eu temia isto.

Ainda me lembro do seu rosto pálido e seus lábios – antes tão vermelhos e vivos – sussurrando alguma coisa que pensei ter sido “seja forte”. Ainda lembro-me bem de seus olhos fechando vagarosamente, como se quisessem dormir para sempre. Como se precisassem fechar, como se já não houvesse força nenhuma naquele corpo para mantê-los abertos, vivos, serenos, cheios de paz.

- Do que adianta, não é? Irá chorar agora, você tem certeza que irá fraquejar? Ele mandou você ser forte. Seja forte!

Foram minhas últimas palavras antes de atirar a taça no chão, deitar sobre a velha cama onde ele havia partido e chorar.

De nada importava a vida. Certamente as paredes não contariam para ninguém este meu momento de fraqueza. Eu precisava disso. Necessitava deste choro como se fosse o único modo de me manter viva. Me sentir viva. O único modo para mostrar para as cortinas – que neste momento tampavam o indesejado sol – que eu estava viva. Que havia um milhão de motivos para eu continuar com a vida. Um milhão de motivos que algum dia eu descobriria. Sem cessar eu buscaria um destes motivos.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Só mais uma noite

Me beije pela última vez e permita com que eu sinta o gosto amargo do teu adeus.
Toque em minha pele com a ponta dos teus dedos e faça com que minha carga de energia se altere em questão de segundos e de diferentes formas.
Sussurre com a voz rouca em meu ouvido a palavra "amor" pela última vez e libere meu libido. Oh, sim, o libere nem que seja por um instante.
Me toque, deixe-me te sentir, sacie o desejo do meu corpo, da minha mente, do meu insensato e tolo coração.
Oh, garoto, toque-me com teus dedos, encoste-me em teu corpo, faça com que este desejo seja recíproco por um momento. Oh, garoto, necessito da tua pele nesta noite, só por esta noite.
Feche teus olhos, permita-me lhe provocar por um instante, permita-me fazer com que esta noite seja lembrada por nós como uma despedida - uma doce e deliciosa despedida.
Tudo bem, não irei lhe procurar depois, não lhe ligarei quando o sol voltar. Posso partir enquanto dormes, querido anjo, oh sim, eu posso.
Só por favor, esqueça-te de tudo esta noite e seja meu. Meu com todo desejo e vontade que sentes, oh, seja meu por esta noite.

quarta-feira, 20 de abril de 2011

"Querida neta,

Você sabe que as notícias por aqui correm mais rápidas do que o Dumbo conseguia voar, não é? Pois bem, por isto estou te escrevendo... Esta coisa de tecnologia e falar por computador não é a mesma coisa do que lhe dar um pouco de minhas palavras escritas.

Soube que você tem andado triste, que já não consegue mais nem controlar suas próprias lágrimas, anda pequena... Posso chutar que é por causa de um coração ferido?

Ora, quisera eu que você pudesse ter nascido em minha época. Rapazes brigariam até a morte por uma guria como você. O que aconteceu com os cavalheiros? Preferiram optar pelos dragões enquanto uma princesa como você está presa em uma torre alta?

Lembra quando seu velho avô te pegava no colo e dizia que você era uma princesa e que um príncipe em um cavalo branco viria te resgatar, porém antes disso teria de ter minha permissão? Pois bem, você era novinha demais para eu alertar este seu coração que antes disso você sofreria algumas vezes. Por isso, não posso dizer que será a última vez que você irá chorar, mas posso te dizer que irá passar. Porque tudo passa, minha pequena.

Seu avô magoou sua avó uma vez, porém veja só... Estamos juntos há cinqüenta anos. Brigamos sim, e você sabe, mas passa. Até porque já somos velhos demais para chorarmos por algo que não irá mais mudar: nosso casamento.

Mas não desejo que você leve a vida que eu e sua avó levamos, não que não seja boa, mas você é a minha princesa, a primeira princesa das netas, você merece um amor igual o da Cinderela, ou o da Branca de Neve, que você insistia tanto em ver quando ainda pequena. Um amor que dure para sempre, Bebé.

E lembre que tem um velho pelas bandas de Porto Alegre que sempre vai estar torcendo por ti. Eu amo você.

Um beijo com saudades, Corintho."

terça-feira, 12 de abril de 2011

Ah, por favor, se cuida

De repente, o mundo todo passa a não ter mais tanto sentido. De repente, por apenas uma palavra, um gesto, um olhar, o mundo inteiro já nem se quer mais existe. De repente, alguém desiste do que mais se quer por achar ser o certo a fazer.

Eu não desisti, eu só...Eu só fugi. Não de você, não, jamais de você. Fugi da tristeza, das coisas que vi, das coisas que senti. Fugi achando que, um tanto longe, seria mais fácil não lembrar do seu rosto. Oh, como fui ingênua. Mesmo se do outro lado do mundo estivesse, seria quase impossível não lembrar do seu rosto. Do seu sorriso. Meu sorriso? Não, não mais meu, mas ainda sim belo.

E, mesmo antes de entrar, mesmo antes de realmente partir, eu olhei para trás. Olhei em busca de você, olhei com a esperança que você estivesse correndo e pedindo para mim não ir, para mim ficar, ficar nos teus braços. Ou simplesmente olhei com a esperança de que você estivesse lá com a mão estendida, me dando adeus. Um último adeus.

Você não estava. Ah, onde você estava? Agora a única parte de mim que sobrara neste lugar era a carta e a foto que lhe daria. Agora esta foto deve estar lá, perdida na estrada, pois eu a joguei da janela. A joguei com a esperança de que o vento a levasse até você. Com a esperança de que você a lesse e sentisse minha falta, com a esperança de que você dissesse - mais uma vez: tinha esquecido de como você escreve coisas bonitas.

Eu fui, eu fugi. Mas lembre-se, meu amor: jamais terá no mundo garota que te ame mais. E sim, eu sentirei sua falta e pensarei em você todos os dias.

Ah, por favor, ora, encarecida-mente lhe peço: se cuida. Se cuida pois agora eu já não posso mais fazer isso, se cuida pois agora já estou longe para fazer isso. Eu lhe amo.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Tanto faz se depois for nunca mais

Era meia noite, a rua estava escura, sem movimento, sem som. Era meia noite e aquela garota estava perdida a procura de algo que nem ela mesma sabia. À procura de algo que nem ela mesma sabia se queria, mas buscaria, mas iria atrás até encontrar para, só assim, ter certeza de que não era nada como ela imaginara.

A estrada até seu destino era longa, os pingos de chuva sob seus ombros trêmulos já não a incomodavam, ela pulava e driblava todas as poças de água em seu caminho. Ela estava decidida. Ela queria, ao menos naquele momento, ela queria.

Passou-se uma hora, duas horas até que, enfim, ela estava em frente àquela casa que tão bem conhecia. Pensou em bater palmas, pensou em gritar por um nome, um nome que ela conhecera bem. Só pensou. Respirou fundo e pensou em ligar: desistiu. Respirou fundo e juntou suas duas mãos na tentativa de que algum som saísse: em vão.

Andou um pouco pela frente daquela calçada, tentou olhar por entre as cortinas daquele quarto que ela conhecia como a palma de sua mão, estava tudo escuro. Pensou, mais uma vez, em ligar, só por precaução, só pra esclarecer uma dúvida, só por teimosia. Novamente desistiu.

Abaixou a cabeça, virou as costas e retomou seu caminho de volta. Toda caminhada, todas as poças e toda a chuva havia sido em vão. A garota acabou sem nem se quer um adeus, a garota estava partindo sem lágrimas nos olhos, mas de cabeça abaixada. A garota estava partindo sem o adeus que mais significaria para ela. A garota estava partindo sem uma palavra de consolo, sem um último abraço. A garota estava partindo sem ter conseguido tomar de volta o que, para ela, era o mais importante: seu coração.

quinta-feira, 31 de março de 2011

Texto de 2009

Eu odeio você. Odeio a forma como significaste tanto para mim, e odeio o rastro de dor que deixaste ao partir. Odeio ter que lhe amar, apesar de sabe que hoje choro só por você. Odeio o amor, a dor, a tristeza, o agora, o ontem e o amanhã. Odeio a forma como a vida segue um rumo e como ela foi capaz de trocar nossos caminhos.

E se eu pudesse ter um desejo realizado neste momento pediria você. Porque, apesar de chorar e sofrer, minha vida fez sentido ao te conhecer. Um desejo só...eu seria capaz de implorar aos céus. Só um. Só você. Eu. Nós.

Não quero amar, não quero sofrer, não quero a dor pra minha vida! Mas eu quero você. E, me diga força maior, não seria a mesma coisa? Te ter é ter ao sofrimento da distância. Te ter é sentir a felicidade em cada inalar.

Eu sofro da bipolaridade de um amor. Sofro de algo que ninguém nunca vai saber - muito menos entender. Eu sofro...sem você.

domingo, 20 de março de 2011

"Necessidade de amar"

Perguntaram-me sobre a necessidade do amor em minha vida, logo tive medo. Tive medo de não saber ao certo expressar-me de forma que todos compreendam que, para mim, o amor é um alicerce, é como se fosse um dos pilares que me mantém em pé.

Então, antes de escrever, resolvi pensar. Resolvi pensar em vários tipos diferentes de um sentimento que é extremamente necessários, que deveria ser extremamente necessário para qualquer outra pessoa no mundo.

Necessidade? Bom, eu preciso do amor para que eu possa sorrir. Preciso do amor e das palavras de carinho de alguém para que eu sinta coragem de enfrentar todos os obstáculos que ainda estão por vir em minha vida. Preciso desse amor pelo simples fato de saber que seria impossível agüentar o quão má a vida pode ser sozinha.

É absurdamente necessário o amor sincero de minha mãe. Um amor que me corrige todas as vezes que estou errada, um amor que não me julga, que me faz melhor. Um amor que sabe exatamente a hora de me abraçar e, ao mesmo tempo, sabe a hora que eu preciso enxergar algo de errado.

É necessário o amor divertido das minhas amigas. Um amor que eu sei que é de verdade, que tem palavras de verdade. Um amor que não passa a mão em minha cabeça a todo tempo, mas sim o amor que sempre me estende a mão quando estou caída – ou ainda melhor, os braços atrás de mim que jamais me deixam tropeçar.

Ah, e o amor... Aquele amor que a maioria de nós vê em filmes e em contos de fadas. Aquele amor que nós esperamos encontrar pode demorar 10 ou 100 anos. Aquele amor que nos fará forte, que enfrentará do nosso lado tudo que estiver por vir, aquele amor que jamais nos deixará só, aquele amor que nos encherá com sua presença e nos sufocará de alegria.

Da necessidade deste amor as pessoas gostam tanto de falar, não é? Sinto como se fosse o acontecimento mais maravilhoso de toda uma vida, de todas nossas vidas. Sinto anseio e vontade de que este amor me encontre para que eu possa, assim, viver a necessidade dele.

“Mas e se ele jamais me encontrar?” Pergunto-me a mim mesma. “Vou me decepcionar muitas vezes com amores disfarçados de amor de verdade?” Indago-me novamente.

Talvez, apenas talvez. Talvez este amor demore tanto a me encontrar que eu desista de esperar e, então, quando eu realmente desistir ele irá aparecer. Eu ouvirei vozes na minha cabeça dizendo para duvidar, para ter cautela, ouvirei vozes dizendo que é outro falso amor. As ignorarei e, mais uma vez, estarei me entregando à possibilidade de encontrar essa tão sonhada necessidade de amar.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Cuidado com seus pedidos

Era estupidamente terrível ver aquela garota jogada ao chão. Era desnorteante ver seus olhos cansados de tantas lágrimas, mas era ainda mais assustador ver como aquela garota gritava por meu nome, como se apenas eu a pudesse ajudar.

Eu tentei de todas formas compatíveis com minha função ignorá-la. Como era possível uma garota tão linda quanto aquela chorar e implorar por minha presença? Eu não era nada, ela iria conseguir se reerguer e ter um destino melhor. Por que, então, ela não enxergava isto?

A garota continuava lá jogada ao chão, soluçando e buscando um pouco de ar para seus pulmões já fracos, cansados de tantos suspiros. A garota continuava lá com sua maquiagem borrada sem nem se quer fazer esforço para buscar uma nova solução. Ela repetia para si mesma: "eu já tentei, juro que tentei...Venha me buscar".

Às vezes não gosto do papel que tenho de exercer, são em horas assim que penso porque tive de ser eu a fazer algo com essa garota. Eu não queria! Por que ela havia de querer? Não era a hora de eu ir até ela e buscá-la, e trazê-la para perto de mim, não era. Por que ela tinha de querer apressar as coisas?

Fingir que ela não me chamava já era em vão, seus gritos ecoavam por meus ouvidos e era quase impossível fazer outra coisa a não ser prestar atenção nela. Tive de fazer o que ela me pedira, me implorara, me suplicara. Tive de ir até ela e estender minha gélida mão mesmo contra minha vontade.

- Pronto, minha querida, estou aqui. Desculpe minha demora, podemos ir agora? Prazer, meu nome é Morte.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ando meio mal, meio pra baixo, meu deprimida. Ando pensando demais, chorando demais. Ando me sentindo sozinha, ando com um aperto no peito. Ando assim quando você não está por perto, quando você não está perto o suficiente para que eu possa me sentir segura. Para que eu possa sentir que nada nem ninguém pode me machucar.

Ando querendo chorar no seu ombro, te contar meus problemas, o que me aflige, o que me incomoda. Ando querendo te contar minhas alegrias, minhas conquistas. Ando querendo compartilhar minha vida com você. Toda minha vida com você.

Ando precisando de você mais do que o normal, ando necessitando por aquele seu abraço, aquele abraço que me faz esquecer de tudo, aquele abraço capaz de curar o mundo. O meu mundo.

Descobri em mim, nesses dias de angústia, o que já havia sido descoberto: você é o homem da minha vida. Descobri que só com você sinto-me segura suficiente pra contar tudo, absolutamente tudo. Descobri que só você não me julga, que você me escuta e quer escutar. Descobri que a vida sem você seria muito mais difícil do que já vem sendo. Descobri que preciso de você, preciso do seu sorriso, dos teus olhos mirando os meus, dos teus beijos, teus carinhos. Descobri que já não dá pra seguir em frente sem você, porque eu quero compartilhar minha vida com você, meus sonhos com você. Porque eu quero você meu lado pra comemorar minhas vitórias, quero comemorar suas vitórias. Quero ser tua companheira pra tudo, em todos os momentos. Quero que você corra pra mim quando precisar, quero que corra pra me contar alguma coisa, quero que corra pra mim.

Ando meio cabisbaixa, meio chateada...Mas eu tenho você e isso me faz forte. Forte como jamais fui, porque jamais havia tido um motivo tão forte quanto você. Minha maior força, minha maior alegria, meu amor maior. Eu amo você, para sempre.

Com amor, tua Roberta.
Certo fim de tarde, no parque da cidade, sentei-me ao lado de um velho que aparentava ser sábio com seus quase 70 anos. Eu era um garoto que havia acabado de completar 21 anos e estava perdido. Extremamente perdido.

- Por que as pessoas costumam fechar os olhos quando pensam que algo ruim vai acontecer? - Indaguei ao senhor ao meu lado, mesmo sem o conhecer, porque ele realmente parecia poder me ajudar.

O velho sorrio e ajeitou o óculos antes de pronunciar qualquer palavra que fosse para mim. Por um momento até pensei que ele sairia do meu lado, para não correr o risco de ser perturbado.

- Bom, jovem, acredito que seja porque nós, pessoas, pensamos que quando fechamos os olhos qualquer coisa que sonhamos, imaginamos ou queremos possa acontecer. Acredito que somos fracos demais para aguentar algo ruim de olhos abertos, observando tudo aquilo. Acredito que seja porque gostamos de sonhar e, quando tudo parece perdido, sonhar é o único remédio que vale a pena.

Quando sua última palavra foi pronunciada fechei meus olhos imediatamente.

- Você pensa que algo ruim irá lhe acontecer, jovem? Seus olhos estão fechados.
- Estou com medo de perder a mulher da minha vida, caro senhor. Meus olhos fechados fazem com que eu a enxergue me abraçando, sorrindo para mim e dizendo que me ama, como sempre faz. Estou com muito medo de perdê-la.

Abri meus olhos e pude ver o sorriso recém formado no rosto daquele homem ao meu lado se desmanxando, ele suspirou rapidamente e logo voltou a sorrir.

- Você não a perderá.
- Como o senhor tem tanta certeza disso?
- Sou você, jovem. Sou você aos 72 anos. Você não a perderá agora e nunca irá perder. Vocês viverão juntos para sempre, o resto dos seus dias. Vocês se amarão, brigarão muitas outra vezes, mas sempre um dos dois colocará o orgulho de lado em nome deste amor. Você jamais a perderá porque ela o ama e, para sua informação, ela é uma senhora de 70 anos estupidamente linda. A mulher mais linda do mundo inteiro. Não feche os olhos, jovem, levante deste banco e vá até a casa dela, abrace-a e beije-a, ela retribuirá. Ela dirá que te ama, porque ela o ama, ama com todas suas forças. E você, eu, também a amo.

Nem se quer achei estranho tudo aquilo que havia me acontecido, nem pensei o quão esquisito foi esta conversa. Me levantei daquele banco sem nem dar tchau ao senhor, corri com um sorriso no rosto. Chegando na entrada do parque resolvi me virar e olhar aquele velho senhor uma última vez: em vão. Ele já havia ido embora. Voltei a olhar para frente e correr até ela. Correr atrás do amor verdadeiro, porque é isso que devemos fazer. É nisso que devemos pensar quando fechamos os olhos.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Talvez aquilo que você quer não é o que realmente deve ter. Talvez aquilo que você precisa para ser feliz não é aquilo que realmente te fará feliz. Talvez pensamentos sejam apenas cabíveis a ilusões para acharmos que o mundo pode ser melhor. Talvez nada faça sentido agora, talvez amanhã tudo mude e, se mudar, talvez você não aguente.

Talvez você apenas precise deixar os olhos bem abertos para enxergar a chance que a vida te dará para ser feliz, talvez venha disfarçado, talvez venha de um jeito que pareça loucura, talvez não seja o que você esperava, talvez você pense que é pouco, mas não é.

Talvez essa história de que, se você bobiar, a vida pode levar embora sua chance de ser feliz seja uma mera bobagem. Uma besteira para que você realmente fique de olhos abertos, apesar de não precisar, apesar de você apenas precisar de um coração bem aberto e disposto a diferentes maneiras que a vida te dará para ser feliz. Não será como você quer, mas será.

Talvez a missão de alguns por aqui seja levar a felicidade para alguém, seja ser a felicidade de alguém. E, como toda missão, essa teria de ser difícil. Você teria de levar a felicidade para alguém que esperava outra coisa, não você. E seu dever é não fugir, não ir embora, não virar as costas, seu dever é continuar ali até que a felicidade que você designa seja reconhecida e muito, muito comemorada.

Porque, acredite...Se você desistir agora, talvez daqui 2 segundos a felicidade que você estava trazendo disfarçada seja reconhecida, mas não comemorada. Talvez, se você partir, a felicidade disfarçada que era sua missão seja o motivo do fim triste de alguém.

Vamos parar de brigar entre si, pensamentos?

As pessoas são engraçadas, algumas gostam de pintar seus rostos e fazer palhaçadas enquanto outras vestem preto e tem a expressão séria. Algumas andam juntas, outras querem distância por achar que são melhores, mas esquecem-se que são pessoas. Apenas pessoas.

Gostaria de um mundo em que pessoas seriam só crianças, porque criança não é pessoa, é anjo. Então, como pode um anjo se tornar uma pessoa? Pessoa mata, pessoa rouba, pessoa não tem coração.

- Opa, olha a contradição...Pessoas são diferentes, existem pessoas crianças, pessoas com coração. Existem pessoas que são anjos, você não sabia?

- Sabia, minha mãe é um anjo, meu namorado também. Eles cuidam de mim.

- Então como podes me dizer que todas as pessoas não têm coração?

- Ei, eu não disse todas, eu apenas disse pessoas.

- Ah, é? E você o que é?

- Bem, eu não sei, mas não sou pessoa e muitos que conheço também não são!

Vamos parar a discussão, pensamentos?
Ela caminhava pela rua, era tarde para uma menina sozinha andar por aqueles lugares. Fazia frio e seus braços não estavam cobertos, garoava e por cima de sua cabeça, ao invés do guarda-chuva, havia a imensidão do céu sem estrelas.

Apesar do cenário ser triste, apesar da escuridão ser mais propicia quando precisamos chorar, a garota sorria. Não se sabe ao certo porque, mas ela sorria. Um sorriso breve, mas um sorriso.

A garota não fazia ideia de onde estava, nem se quer para onde dia. Mas ela ia. Ela ia atrás de qualquer motivo para ser feliz, ela precisava de um motivo para ser feliz. Precisava?

Felicidade não se prende a algo, abstrata do jeito que é ela é mais parecida com o vento. Nada de ver, escapa entre os dedos e o único jeito de suprir ao menos um pouco é abrir a boca e inspirar tudo que puder. Nada de expirar, deixe os pulmões incharem com tanta felicidade que você poderá sucumbir por não estar acostumado a lidar com tanta alegria, sucumbirá feliz, mas sucumbirá. Ação e reação, já ouviu falar?

A garota já ouvira e, pensando nisto, levantou o rosto ao céu, abriu seus lábios e deixou que cada pingo da garoa entrasse dentro de si para ela, quem sabe, sucumbir de felicidade.