quarta-feira, 23 de maio de 2012

Meu xodó

Era estupidamente terrível ver aquela garota jogada ao chão. Era desnorteante ver seus olhos cansados de tantas lágrimas, mas era ainda mais assustador ver como aquela garota gritava por meu nome, como se apenas eu a pudesse ajudar.

Eu tentei de todas formas compatíveis com minha função ignorá-la. Como era possível uma garota tão linda quanto aquela chorar e implorar por minha presença? Eu não era nada, ela iria conseguir se reerguer e ter um destino melhor. Por que, então, ela não enxergava isto?

A garota continuava lá jogada ao chão, soluçando e buscando um pouco de ar para seus pulmões já fracos, cansados de tantos suspiros. A garota continuava lá com sua maquiagem borrada sem nem se quer fazer esforço para buscar uma nova solução. Ela repetia para si mesma: "eu já tentei, juro que tentei...Venha me buscar".

Às vezes não gosto do papel que tenho de exercer, são em horas assim que penso porque tive de ser eu a fazer algo com essa garota. Eu não queria! Por que ela havia de querer? Não era a hora de eu ir até ela e buscá-la, e trazê-la para perto de mim, não era. Por que ela tinha de querer apressar as coisas?

Fingir que ela não me chamava já era em vão, seus gritos ecoavam por meus ouvidos e era quase impossível fazer outra coisa a não ser prestar atenção nela. Tive de fazer o que ela me pedira, me implorara, me suplicara. Tive de ir até ela e estender minha gélida mão mesmo contra minha vontade.

- Pronto, minha querida, estou aqui. Desculpe minha demora, podemos ir agora? Prazer, meu nome é Morte.

Felicidade Mortal

Ela caminhava pela rua, era tarde para uma menina sozinha andar por aqueles lugares. Fazia frio e seus braços não estavam cobertos, garoava e por cima de sua cabeça, ao invés do guarda-chuva, havia a imensidão do céu sem estrelas.

Apesar do cenário ser triste, apesar da escuridão ser mais propicia quando precisamos chorar, a garota sorria. Não se sabe ao certo porque, mas ela sorria. Um sorriso breve, mas um sorriso.

A garota não fazia ideia de onde estava, nem se quer para onde ia. Mas ela ia. Ela ia atrás de qualquer motivo para ser feliz, ela precisava de um motivo para ser feliz. Precisava?

Felicidade não se prende a algo, abstrata do jeito que é ela é mais parecida com o vento - nada de ver, escapa entre os dedos e o único jeito de suprir ao menos um pouco é abrir a boca e inspirar tudo que puder. Nada de expirar, deixe os pulmões incharem com tanta felicidade que você poderá sucumbir por não estar acostumado a lidar com tanta alegria. Sucumbirá feliz, mas sucumbirá. Ação e reação, já ouviu falar?

A garota já ouvira e, pensando nisto, levantou o rosto ao céu, abriu seus lábios e deixou que cada pingo da garoa entrasse dentro de si para ela, quem sabe enfim, sucumbir de felicidade.

terça-feira, 15 de maio de 2012

O Final Feliz dos Loucos

Você faz melodias com quatro cordas e eu poderia ouvi-lo tocar durantes horas sem se quer parar para respirar. Você compõe e eu aqui, tentando escrever. E eu aqui, procurando uma maneira de te agradecer.

Você apareceu e reapareceu e trouxe consigo uma felicidade que eu pensei ter sido esquecida, não ser mais digna de mim. Você reapareceu mesmo sem eu merecer. Você reapareceu sem orgulho, egoísmo...Sem nada que não fosse você. E como isso é bom!

Você me faz sorrir, e eu já te fiz chorar. Você diz coisas que jamais pensei em ouvir, e eu não consigo fazer nada além de escutar. Você me coloca nos braços e meu mundo gira... Como eu pude esquecer-me de quão boa essa sensação pode ser?

A história da Princesa e do Plebeu invertida...Você não é nada menos que isso: um príncipe. E eu não tenho nada para lhe dizer além de uma única frase: faça-me tua princesa e o final feliz a gente inventa.