quarta-feira, 27 de julho de 2011

Acasos do Acaso

E hoje eu vi uma menina de cabeça baixa sentada no ônibus, ela folheava um livro e parecia engolir cada palavra que ali estava escrita. Não consegui ver o título, tampouco de que autor se tratava, também pudera…Só consegui prestar atenção em como seu cabelo acabava no ombro e o quão ela ficava linda concentrada nas palavras.

Ela fazia o tipo coração-de-pedra ou era somente mais uma que se encaixava no grupo extremamente-fria-após-decepções-amorosas. A forma como ela não prestava atenção em nenhum dos rapazes que a observavam - assim como eu - me encantou. O que será de tão importante que ela lia e relia? O que será que os fones em seu ouvido estavam dizendo? Será nacional ou internacional? Metal ou rock? MPB? Ela fazia o estilo MPB, como se estivesse atrasada 30 anos.

Ela me ganhou. E justo eu, oh Senhor, que não sou de me encantar por qualquer guriazinha que me cruza os olhos, justo eu que não sou facilmente domado…

Oh, pequena dos olhos atentos, dos olhos nervosos, dos olhos claros (azuis ou verdes?), preste atenção em mim. Preste atenção neste cara parado à sua frente, permita-me te domar, tirar tua atenção, permita-me ser mais interessante do que qualquer livro ou MPB, permita-me fazer história junto à ti e eu prometo que soara como qualquer livro do seu escritor predileto. Só permita-me cruzar teu dia, esqueça as mágoas e os falsos amores. Estou pronto para fazer história, junte-se a mim.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Fui embora, me arrisquei no imprevisível. Fui, parti, tomei juízo e me esquivei do passado incerto. Desencantei, desanimei, chorei, sofri, mas fui. Fui para não mais voltar.

Você foi, foi muito antes. Partiu, disse adeus três, quatro, cinco vezes. Não derramou nenhuma lágrima, encheu o peito e disse "estou feliz" e tudo que fiz foi suspirar. Chorei escondida dos teus olhos, sua indiferença me atravessou o peito. E então foi. Fui. Fomos. Somos? Não.

Você saiu do barco, largou o remo, furou o fundo e não me estendeu a mão. Deixou com que eu afundasse naquele barco furado sozinha, com as mãos atadas e o coração em destroços. Não te surpreendas caso ouça alguém - alguns, uns cem - falar de mim. Talvez eu vire lenda, mais ou menos assim:
Esta é a história da menina que sobreviveu à um coração partido e um barco furado. Esta é a história da menina que nadou até beira mar com mãos atadas. A história da menina força de vontade.
Fim.