quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Raiva Escrita

Há quem diga que tudo flui ainda mais fácil quando se está triste. Acredito nisso apenas pelo fato de só conseguir escrever quando sinto meus olhos marejados com aquelas lágrimas que gosto de chamar de saudade... Só por isto, nada mais flui melhor em mim quando estou triste. Nada.

Decidi, então, acumular raiva. Muita raiva. Decidi ter os olhos vermelhos e as mãos trêmulas somente por lembrar de atitudes tuas que me enfureceram. Atitudes que me fizeram amar-te menos. Atitudes ruins. Extremamente ruins e desleais. E aí então peguei lápis e papel.

A ponta do lápis afundava no delicado papel a cada ponto colocado. Não tive pena, continuei a escrever até que me dei conta do papel rasgado. Dei de ombros. Continuei escrevendo até que senti escorregando por minha bochecha uma lágrima. Lágrima de raiva. Sorri e continuei.

O texto já não tinha sentido algum. Ficou feio, frio, com vírgulas demais e pontos de menos. Entristeci. Como pode uma raiva tão bela acabar se tornando um papel amassado, rasgado e sujo?

Os olhos já haviam mudado de cor, já não tinha neles aquele tom avermelhado que antes me alegrou. Agora eles estavam cinza, entreabertos e marejados. A tristeza havia voltado, era hora de escrever.

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