quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Certo fim de tarde, no parque da cidade, sentei-me ao lado de um velho que aparentava ser sábio com seus quase 70 anos. Eu era um garoto que havia acabado de completar 21 anos e estava perdido. Extremamente perdido.

- Por que as pessoas costumam fechar os olhos quando pensam que algo ruim vai acontecer? - Indaguei ao senhor ao meu lado, mesmo sem o conhecer, porque ele realmente parecia poder me ajudar.

O velho sorrio e ajeitou o óculos antes de pronunciar qualquer palavra que fosse para mim. Por um momento até pensei que ele sairia do meu lado, para não correr o risco de ser perturbado.

- Bom, jovem, acredito que seja porque nós, pessoas, pensamos que quando fechamos os olhos qualquer coisa que sonhamos, imaginamos ou queremos possa acontecer. Acredito que somos fracos demais para aguentar algo ruim de olhos abertos, observando tudo aquilo. Acredito que seja porque gostamos de sonhar e, quando tudo parece perdido, sonhar é o único remédio que vale a pena.

Quando sua última palavra foi pronunciada fechei meus olhos imediatamente.

- Você pensa que algo ruim irá lhe acontecer, jovem? Seus olhos estão fechados.
- Estou com medo de perder a mulher da minha vida, caro senhor. Meus olhos fechados fazem com que eu a enxergue me abraçando, sorrindo para mim e dizendo que me ama, como sempre faz. Estou com muito medo de perdê-la.

Abri meus olhos e pude ver o sorriso recém formado no rosto daquele homem ao meu lado se desmanxando, ele suspirou rapidamente e logo voltou a sorrir.

- Você não a perderá.
- Como o senhor tem tanta certeza disso?
- Sou você, jovem. Sou você aos 72 anos. Você não a perderá agora e nunca irá perder. Vocês viverão juntos para sempre, o resto dos seus dias. Vocês se amarão, brigarão muitas outra vezes, mas sempre um dos dois colocará o orgulho de lado em nome deste amor. Você jamais a perderá porque ela o ama e, para sua informação, ela é uma senhora de 70 anos estupidamente linda. A mulher mais linda do mundo inteiro. Não feche os olhos, jovem, levante deste banco e vá até a casa dela, abrace-a e beije-a, ela retribuirá. Ela dirá que te ama, porque ela o ama, ama com todas suas forças. E você, eu, também a amo.

Nem se quer achei estranho tudo aquilo que havia me acontecido, nem pensei o quão esquisito foi esta conversa. Me levantei daquele banco sem nem dar tchau ao senhor, corri com um sorriso no rosto. Chegando na entrada do parque resolvi me virar e olhar aquele velho senhor uma última vez: em vão. Ele já havia ido embora. Voltei a olhar para frente e correr até ela. Correr atrás do amor verdadeiro, porque é isso que devemos fazer. É nisso que devemos pensar quando fechamos os olhos.

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