domingo, 23 de dezembro de 2012

Carta ao Papai (Não Noel)


"Querido pai,

Te escrevo esta carta - mesmo sabendo da tua morte prematura - para aliviar a saudade. Escrevo tentando buscar um conforto, uma solução para a culpa que está corroendo meu coração. Escrevo para amenizar o mal, como de costume.

Onde você está agora? E é legal? Espero que sim, por aqui as coisas vão bem. Não pude te dizer como estava a minha vida, meus amores, minhas conquistas. Mas agora tu sabe. Eu espero que saiba.

Espero que a dor tenha sumido assim que tu fechou os olhos pela última vez. Espero que tu tenha me ouvido quando estavas na cama do hospital, ou pelo menos tenha sentido eu apertar tua mão. Espero que tu saiba que eu jamais te abandonei.

Eu perdoo todos seus erros, suas falhas e suas fraquezas, mas o senhor tem que prometer que perdoa minha mágoa e as poucas vezes que fui te visitar. Como troca do perdão, o senhor tem que me prometer - aí mesmo de onde estás - que entende meus motivos, meus machucados, as malditas feridas de um ser humano cheio de falhas, como eu.

Me desculpa não ter conseguido falar nada no seu velório, desculpa ter apenas chorado...É que algo me dizia que tu iria levantar, apertar minha mão e dizer: "Viu, eu deixei o bigode crescer". Mas tu não levantou, e eu vi fecharem o caixão.

Mas não é que tu estavas mesmo deixando o bigode crescer?!

Eu estou seguindo em frente, pai. Papai. Paizinho. Paizão. Mas, por favor, jamais saia do meu lado. Essa vida é complicada demais, é bom saber que agora eu tenho um anjo particular.

Não esqueça, mesmo aí onde tu estás, que eu te amo. E, ei...Eu sempre terei orgulho do homem que tu era, que tu foi, que tu tentou ser até o final.

Quando tu caiu e foi questionado para onde estava fugindo, você disse "Eu vou pra casa". Eu espero que agora o senhor esteja em casa. A casa do meu coração.

Agora deixo-te ir em meio ao choro. E vá com Deus. Mas, antes: eu amo você."

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