terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Baby bye bye

De frente ao espelho indaguei com palavras trêmulas, ensaiei um discurso - algo muito clichê, "não vá embora, eu te amo" -, mesmo sabendo que ao te ter por perto esqueceria até quem sou.

Respirei, deixando o meu reflexo ser substituído por uma neblina. Enquanto a imagem voltara a ficar clara, limpei os últimos vestígios de lágrimas deixadas no canto de meus olhos. Saí.

Os pingos da chuva calma de outono não me abalaram, logo eu já estava vendo o sorisso amarelo do cobrador do ônibus para mim. Tentei retribuir, mas pela sua expressão ele pôde ver a dor do meu sorriso falso. Dei meu lugar à um homem grisalho, portador de uma bengala e um gato malhado. Logo estara em meu destino.

Deixei o ônibus partir e, sob passos lentos, caminhei até a velha casinha no fim da rua. Abri o portão e me deparei com a dor das palavras. "VENDE-SE" era o que estava escrito em uma placa enferrujado, cravada sob a grama verde bem cuidada.

Os passos, uma vez lentos, agora eram urgentes e, logo, meus pulsos estavam sendo arremessados na porta. Uma, duas, três vezes...Nada. Olhei através da janela, já sem cortina: Nada. A casa estava vazia, ele havia ido embora. E minha esperança também.

Caí sob a soleira, agarrei meus joelhos com toda pouca força que restara em meus dedos. Os soluços do meu choro fizeram eco em meio a rua. Pigarreei para tirar o nó que havia se formado em minha garganta. Em vão.

Eu estava sem proteção, sem chão, sem ar. Uma criança sem a mãe, uma nuvem preta sem chuva. Eu era um alvo fácil naquele momento, já que tudo em mim gritava "frágil". Não importava, assim como todo o resto. Meu único, triste e definitivo desejo era a morte. Mas ela não haveria de chegar para mim, me fazendo sofrer com a dor dos dias lentos de outono, inverno, primavera e verão.

Um comentário:

  1. caraaamba miga que perfeito! que triste! mais perfeito esse texto (: LINDAS PALAVRAS!

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