terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Êxtase

Fechei as cortinas, tranquei a porta. Com os fones já em meus ouvidos decidi aumentar o volume até que meus tímpanos reclamassem. Me concentrei nos sons da guitarra, tentei acompanhar a melodia, cantarolei com o vocalista - tudo para não lembrar de você. Em poucos segundos a parede lilás do meu próprio quarto me entorpeceu. Funcionou. Eu dormira sem seu rosto cravado nos meus mais sórdidos pensamentos.

Estava escuro e frio. Passei a palma de minhas mãos sobre meus ombros gélidos enquanto caminhara à procura de alguém. À sua procura. Senti um toque em minha cintura, um suspiro quente e doce tomou conta do meu pescoço e, então, tomou conta de cada movimento de meu corpo. Em um segundo já estava frente-a-frente, cara-a-cara, corpo-a-corpo com o meu pedaço do paraíso.

Ele estara estúpidamente, absurdamente lindo. Seus olhos azuis refletidos aos meus formavam um brilho diferente de tudo. As costas de minha mão, agora, alisavam cada traço do seu rosto desenhado por Deus. Quando tentei questionar, ele se aproximou. Cada segundo que passava, um pouco mais perto...E eu me senti dominada pela paixão momentânea, até ser interrompida. Maldita realidade, maldita claridade!

Nenhuma pergunta, nenhum toque em meus lábios. A vida real resolveu me alertar que já havia sol por de trás da cortina sem blecaute. E, mais uma vez eu estava chorando por um sonho mal acabada. Um sonho chamado você.

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