domingo, 10 de janeiro de 2010

Uma única gota

Tinha tudo para ser o começo de, se não um bom, um dia normal. Sem risos, mas também sem choros. Sem pulos de alegria, mas também sem vontade de sumir.

O céu estava livre de nuvens, parecia ter sido pintado pro um aquarela azul-claro. Meu relógio marcara oito horas da manhã, mas isso são apenas detalhes. Eu quero chegar à lágrima mal-criada.

Eu estava sentada na ponta de minha cama, tentando pegar alguma energia que a luz do sol pudesse me trazer, quando fui entorpecida por uma cascata de pensamentos, - hora bons, outra nem tanto. Segurei todas as emoções que estas lembranças me trouxeram, ou melhor, tentei segurar.Uma lágrima travessa saiu do meu controle, percorreu todos traços e defeitos do meu rosto para, após segundos, morrer em meus lábios.

Neste dia descobri que lágrimas possuem vida. Algumas delas vivem por muito tempo presas, trancadas sob domínio de púpilas carrancudas, que não as deixam sair por nada. Outras vivem por dias molhando rostos, caindo compulsivamente.

A minha lágrima teve vida curta, menor do que a de uma pobre borboleta, que passa suas vinte e quatro horas de vida enchendo nossos olhos com suas cores. Mas trouxe consigo emoções que eu tentara, de todas as maneiras possíveis, esquecer. Em vão. Nem o mais belo dia de primavera afastara de mim lembranças tão doloridas e gostosas de se sentir. E, logo, amigas de minha lágrima travessa dominaram cada canto do meu rosto.

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