terça-feira, 31 de agosto de 2010

Coração em alto mar

Eu estava caminhando pela beira do mar, na ponta onde a areia é fofa, molhada, salgada. Na ponta onde meus dedos podem afundar, na ponta onde eu cavava até encontrar água quando pequena. Lá... Na ponta.

Eram duas horas da manhã, eu já não conseguia olhar para nada a não ser o chão. Tudo que eu desejava, neste momento, é que o tempo voltasse. Que o tempo voltasse para onde nós nos despedimos, para onde nos conhecemos, para onde eu tive de me mudar para longe do seu abraço, seu aconchego. Tudo que eu desejava era ele à beira mar comigo.

Foi neste momento que eu cessei meu caminhar, que eu respirei fundo e ergui a cabeça. Foi neste momento que eu me virei de frente ao mar, e que eu sorri ao lembrar dos seus olhos. A perfeição que seus olhos tinham, as cores diferentes e harmoniosas que só seus olhos tinham.

Uma lágrima escapou dos meus olhos e me fez sentir saudade. Foi neste momento que eu senti um toque quente envolver minha cintura, e eu reconheceria o toque daquela mão em qualquer lugar do mundo: era ele.

Eu poderia perguntar como ele chegou até onde eu estava, mas eu sabia que havia deixado rastros desde a última vez que o abracei. Eu poderia perguntar se ele tinha vindo à passeio ou “à sempre”, mas pelo seu sorriso eu tinha certeza que ele estava na minha frente num momento chamado agora, e eu respiraria tudo o que pudesse deste ar.

- Eu te amo, você é tudo pra mim!

Foi a primeira frase desde que havíamos nos distanciado por uma decisão que não era nossa. Foi a primeira frase e a última ali naquele lugar, naquela areia, naquela ponta, naquele mar, naquela praia. Foi a última frase antes dos nossos lábios se tocarem, a última frase antes das estrelas caírem e nos proporcionarem a eternidade, a chuva de prata. O amor. Nosso amor.

Nenhum comentário:

Postar um comentário