terça-feira, 3 de agosto de 2010

Hoje vai ser, mais uma vez, vou acordar sem você do meu lado

"Olá, papai. Como o senhor está? Bem, minha irmã disse que o senhor ficaria muito feliz em ler uma carta minha, por isso estou lhe escrevendo. Gostaria de compartilhar o amor que eu tinha para lhe dar, e a dor que estou sentindo neste momento.

Eu me lembro de vários episódios que te envolvem, lembro muito bem do seu bigode já com fios grisalhos, lembro-me dos textos e poesias maravilhosas que o senhor fazia pra mim. Eu ficava encantada com cada vírgula.

Me diga, papai, o que aconteceu? Hoje, depois de três anos, escuto das pessoas à minha volta que o senhor é um monstro, e que eu não deveria lhe chamar de pai. Mas, papai, eu lhe amo. Mesmo com todos seus erros, defeitos, mesmo sem nem se quer ouvir sua voz há mais de dois anos, você me proporcionou muitos momentos felizes.

Eu sei que o senhor nunca foi de demonstrar amor, mas eu gostava das nossas brigas constantes pelo controle da televisão, amava suas batatas fritas, seus almoços de domingo, seus churrascos, as Barbies que o senhor me dava.

Eu sinto sua falta, papai. Eu realmente sinto. O dia dos pais está chegando, sabia? E, só nesta semana que se foi, eu me senti mal pelas propagandas dizendo "dê ao seu pai isso, aquilo, aquele outro", já chorei com a música Pai, do Fábio Jr em uma novela chata das seis. É que eu realmente sinto sua falta, o senhor sente a minha?

Eu sei que nunca fui a filha perfeita, mas todos dizem que eu lembro você. Que eu sou branca como o senhor, e que meu nariz é de batata feito o seu. Por que o senhor se foi?

Papai, você é um monstro? Você se curou daquele vício? Por que você não conversou com a mamãe, por que tentou bater nela e a fez tão infeliz? Ela não merecia, papai. Ela é a minha melhor amiga, você a magoou. Mas eu ainda o amo.

Por favor, se eu mandar esta carta para o senhor, não chore. Eu não gostaria de saber que minhas palavras o fizeram chorar. Eu não acho que o senhor seja um monstro, papai. Mas o senhor está fazendo tudo errado.

O senhor já está um pouco velho, papai. Eu não quero que o senhor se vá para sempre sem um último beijo meu, um último adeus se quer. Eu lhe amo, senhor Roberto. Lhe amo feito um pai."

Depois disso joguei o papel molhado de minhas próprias lágrimas no lixo do meu quarto. Ele nunca saberá tamanha falta que me faz.

6 comentários:

  1. Porra, chorei aqui. Que texto lindo!

    ResponderExcluir
  2. Não queria fazê-lo chorar, mas teve tal poder sobre mim. Porra, Roberta, que orgulho!

    ResponderExcluir
  3. devia ter mandado. amei

    ResponderExcluir
  4. meu deus igualzinho o meu papis *,* texto foi para mim UHAHSHU lindo lindo

    ResponderExcluir
  5. cara me fizesse chorar, texto lindo serio mesmo

    ResponderExcluir